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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Novidade!: Site do Perfil Cognitivo



O Perfil Cognitivo do Espaço Educacional agora tem um site! Você pode fazer o teste online gratuitamente e terá um mapa do seu potencial! Confira a novidade já: http://perfilcognitivo.com.br/

O Perfil Cognitivo é uma ferramenta de autoconhecimento estruturada que dá um mapa do potencial da pessoa e de um grupo, identificando habilidades e dificuldades ou desafios baseado no tripé abaixo:

Estilos de Aprendizado - Nos Estilos de Aprendizado, a pessoa tem a oportunidade de descobrir seu estilo predominante e tornar seu aprendizado mais produtivo e prazeroso, bem como adequar a forma de ensinar e transmitir informações para outras pessoas com mais eficácia e personalização.

Estilos de Raciocínio e Comportamento - Nos Estilos de Raciocínio e Comportamento (neurociência), identificam-se a predominância do hemisfério cerebral e estilos, mostrando como a pessoa sente, pensa e age para resolver problemas em qualquer área de sua vida.


Inteligências Múltiplas - Nas Inteligências Múltiplas, quebra-se o paradigma do que é ser inteligente, ampliando esse conceito e identificando as áreas de interesse em que estão localizados os talentos e habilidades de cada pessoa e de um grupo.




quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

4 brincadeiras para agitar as crianças e não se prender à tecnologia



Com a chegada das férias, é importante incentivar as crianças a brincar também sem o uso da tecnologia.“Não precisa demonizar os games, mas é importante que aquelas brincadeiras clássicas dos nossos pais e avós sejam sempre lembradas”, explica a psicopedagoga Sheila Leal, que também é fonoaudióloga e especialista em desenvolvimento infantil. A especialista, criadora do Projeto Filhos Brilhantes, conta que as boas e velhas práticas, como a ciranda e o esconde-esconde, ajudam os pequenos a desenvolverem processos cognitivos, equilíbrio, coordenação motora e outras habilidades importantíssimas.

A psicopedagoga ensina quatro brincadeiras que podem ser feitas na praia, no parque, ou em qualquer outro espaço amplo, e que estimula muito mais o desenvolvimento das crianças. Confira:

1- Amarelinha

Com um simples giz no chão, ou qualquer brinquedo na areia da praia, é possível desenhar os quadrados da que formam o caminho da brincadeira. Após desenhar os quadrados numerados de 1 a 10, Sheila conta que basta uma pedrinha para jogar em algum quadrado, e que vai simbolizar o local onde não se deve pisar. “Já ao desenhar o caminho, as crianças começam a desenvolver a capacidade motora e, dependendo da idade, já aprendem os números”, explica Sheila. “Ao pular em um pé, elas trabalham o equilíbrio e melhoram a percepção de espaço”.

2- Caça ao tesouro

A brincadeira consiste em esconder um prêmio – como um brinquedo ou algum doce, por exemplo – em um lugar, e criar um caminho de dicas para que os pequenos encontrem o tesouro. “Dá para fazer em um espaço grande, como uma casa inteira, mas também dá para adaptar em um único lugar, como um quintal ou uma sala”, explica. Sheila conta que esse tipo de brincadeira estimula a atenção, agilidade, o raciocínio lógico e a concentração. “Se as perguntas ou os desafios forem bem feitos, é possível desenvolver a cooperação das crianças e o conhecimento que elas já adquiriram”, conta a psicopedagoga.

3- Elefantinho colorido

Um participante diz “Elefantinho colorido”, e os outros devem responder: “que cor?”. Assim que ele diz a cor escolhida, os outros que participam da brincadeira devem tocar em algo com a mesma cor antes que o “elefantinho” consiga capturá-los. “É possível fazer isso em um salão ou qualquer outro lugar com itens de várias cores”, conta Sheila Leal. Segundo a especialista, a brincadeira ajuda a desenvolver o conhecimento das cores e a capacidade de observação do ambiente. “Espalhe brinquedos ou quadros coloridos pelo ambiente, e aproveite para brincar com diferentes tons, como azul claro e vinho, por exemplo”, sugere.

4- Cabo de Guerra

A brincadeira é simples e muita gente conhece. Basta pegar uma corda e marcar o meio dela com uma fita. “Em seguida, determine o espaço máximo que ela deve cruzar, colocando duas marcas no chão, e tudo o que as crianças devem fazer é puxar a corda para que o meio dela chegue à marca do chão”, explica. Segundo a especialista, o segredo da brincadeira é, muito mais que trabalhar a força física, desenvolver o espírito competitivo saudável. “Faça com que eles queiram ganhar e se superar, mas procure valorizar o esforço de todos”, conta, destacando também o trabalho em equipe que os pequenos podem desenvolver quando mais de uma criança está de cada lado da corda.

Tão importante quanto as brincadeiras, que tiram as crianças da mesmice nas férias e ajudam no desenvolvimento, é que os adultos participem e se divirtam juntos. “A presença dos pais nas brincadeiras é muito importante para que eles interajam, e também para que os adultos conheçam mais profundamente as capacidades e dificuldades dos filhos”, conclui a especialista.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Qual o maior prazer?



Qual é a relação entre aprendizado e prazer em sua vida? Confira texto reflexivo sobre o assunto, assinado por Eliana Gavioli:

Música, sexo, gastronomia, turismo, leitura, consumismo seriam as respostas mais comuns a esta pergunta, mas com certeza podemos nos surpreender com a variedade de respostas obtidas. As pessoas realmente conseguem tirar prazer das mais variadas atividades. 

Acontece, que em geral, por mais prazerosas que sejam estas atividades, elas sempre implicam em restrições de toda ordem. Umas mais e outras menos, mas sempre está presente algum fator estraga-prazer, tentando, de alguma forma, restringir o nosso prazer. 

Para algumas, é preciso ter idade para poder começar. Para outras, depois de certa idade já não tem a mesma graça. Existem aquelas que exigem uma boa saúde, e aquelas que sem companhia, perdem totalmente o encanto. Atividades existem que são muito dispendiosas e outras que não se deve realizar em qualquer lugar. E outras ainda são limitadas no tempo de duração.

Com tantas restrições, parece que a vida vai ficando muito curta e os momentos de prazer escassos e fugazes. Assim é preciso descobrir uma maneira inteligente e criativa, para tentar tirar da vida o que ela tem de melhor. 

É extraordinária a experiência de assistir ao processo de desenvolvimento de uma criança. As tensões do dia se desvanecem, assim que adentramos em casa, ao contemplar o balbuciar das primeiras palavras ou assistir ao ensaio dos primeiros passos. É interessante observar que, ninguém está absolutamente preocupado, com o fato de as palavras serem pronunciadas de forma errada ou que o passo possa terminar em um tropeço, que de imediato é amparado por mãos amorosas.

O prazer de aprender acontece de uma forma intensa, completa e inebriante, tanto para a criança, quanto para os pais. Em nenhum momento, os pais se preocupam com a possibilidade do filho falar errado pelo resto da vida ou viver aos tropeções. 

No entanto, este prazer começa a diminuir consideravelmente, quando as novas aprendizagens começam a implicar em fatores determinantes para o futuro sucesso ou fracasso da criança.

É neste ponto que a porca torce o rabo, afinal, quem é que não quer ver o filho formado, bem empregado e realizado? Assim, quando a criança, traz pela primeira vez a famigerada lição de casa, o prazer de aprender começa a ir pro brejo. 

Todos nós passamos por isso, e às vezes levamos toda uma vida para resgatar aquele que pode ser o maior prazer experimentado pela espécie humana. Sim, porque analisado à luz das restrições, aprender é o campeão disparado, entre todos os outros prazeres. 

Desde o primeiro sopro de vida, e mesmo antes disto, até o último suspiro, podemos aprender. Pessoas aprendem até durante um estado de coma profunda.

Mesmo sem saúde, com a perda da visão, da audição e da fala, podemos aprender. 

Aprendemos através da influência de um professor, em meio a um grupo ou sozinhos, como autodidatas. Aprendemos sem a necessidade de recursos, pois podemos aprender observando a natureza ou o comportamento das pessoas. Podemos aprender sempre, desde a hora em que acordamos e até enquanto dormimos. E aprendemos em qualquer lugar.

O processo de aprendizado parte de um estado de ignorância sobre algum assunto, e através do esforço despendido em direção ao conhecimento, nos dá convicção acerca da nossa própria capacidade, além de coragem para enfrentar novos desafios. O conhecimento obtido não ocupa espaço, não exige esforço para ser mantido, nos dá uma maior qualidade de vida e quase sempre implica em ganhos monetários que ao serem investidos, permitem que possamos usufruir de todos os outros prazeres. 

Então, a pergunta que fica é: Como anda a sua relação com o processo de aprendizado e todo o prazer que ele pode te proporcionar?

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Projeto Alfabetização Emocional


O Espaço Educacional realizou o Projeto Alfabetização Emocional (PAE) com crianças do Centro de Criança e Adolescente (CCA) Santa Teresa de Jesus. Confira detalhes sobre a proposta e os ótimos resultados:

O Projeto Alfabetização Emocional nasceu para materializar a importância da inteligência emocional em nossa vida, não importa a faixa etária.

Ele representa o conceito de Educação para a Vida, pois o aprender e o ensinar só acontece quando estamos envolvidos emocionalmente na situação e, da mesma forma que pode estimular o nosso aprendizado, pode também bloquear.

O aprender nos acompanha desde a infância até a maturidade. Estar vivo é manter o brilho nos olhos para aprender em qualquer situação. 

A vida é composta de experiências com erros e acertos, que acionam imediatamente nossas emoções. E estas emoções precisam ser expressadas de diferentes formas para que aprendamos a lidar com elas de forma saudável. 

Aprender a olhar para dentro de si mesmo e acessar pensamentos e sentimentos (Inteligência intrapessoal) e aprender a se colocar no lugar do outro, com empatia, (inteligência interpessoal) é desenvolver a nossa inteligência emocional.

O nosso desafio é trabalhar a alfabetização emocional da infância à maturidade.

Aprendendo com as emoções (resultados)


Medo (dobradura ou origami)
Curiosidade
Aprender com curiosidade, desconstruindo o medo de errar.


Alegria (Cartaz da alegria - recorte e colagem)
Entusiasmo
Brilho nos olhos e motivação em uma situação colaborativa de aprendizado.
Raiva (argila ou massinha - modelagem com as mãos)
Determinação
Persistência para conseguir o que se deseja.

Tristeza (instrumento musical personalizado)
Acolhimento
Capacidade de acolher e expressar a tristeza para transmutar.

Afeto (mandala - dança circular)
Colaboração e união
Aprender a tecer relações com afeto e a construir uma rede de colaboração e união entre as pessoas.

Eu, o outro e a energia das emoções (O que meu nome fala de mim? / Ikebana)
Autoestima, doação e desapego
Aprender a compartilhar, a doar e a desapegar.
Complementos



quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Como lidar com os erros


Como você lida com os erros que comete? Você não os aceita? Pois saiba que encará-los e transformá-los em oportunidade de aprendizado é o caminho para crescer. Esse é o assunto de um texto publicado no site Itaú Mulher Empreendedora. Confira a reflexão:

Errar faz parte! Errar é humano! É errando que se aprende! Quantas e quantas vezes ouvimos essa frase durante a nossa vida, desde crianças. Mas apesar disso, depois de adultos, o erro passa a nos assustar e paralisar. Vivemos uma época em que se cultua o sucesso, as pessoas compartilham o que deu certo, mas, por vergonha, não mencionam os erros cometidos no meio do percurso. É preciso mudar essa postura. Afinal, não há empreendedor que não tenha errado em algum momento. A grande questão é a forma como se encara o insucesso.

Para entender melhor essas questões, conversamos com a educadora Georgya Correa, que há 11 anos fundou, com as sócias Rosa Bertholini e Elaine Naldi, a escola Teia Multicultural. “Valorizamos a educação integral do indivíduo para desenvolver os aspectos emocionais, físicos e cognitivos. Assim, ao invés de apresentar conceitos que devam ser repetidos, fazemos perguntas e os alunos chegam às suas respostas, investigam, descobrem, experimentam, desenvolvendo esses conteúdos de maneiras bem diversas, com prática e registro sistematizado”, conta. Confira, aqui, o que esta expert em educação pensa sobre os erros e acertos da vida.

Você concorda com o ditado: “É errando que se aprende”?

Georgya Correa: Sim. É no exercício do experimentar, perceber o que deu errado, o que não funcionou ou aonde erramos que podemos nos rever, repensar nossos conceitos e nossa prática, transformar o que estava inacabado, incompleto ou errado. Somos todos seres inacabados, em constante aprendizagem e transformação. Quando tomamos consciência dessa verdade e aceitamos nossas imperfeições, podemos melhorar.

Isso é possível de se observar facilmente no dia a dia das crianças, mas também na rotina dos adultos. Estamos sempre aprendendo, revendo, buscando outras maneiras para conseguir chegar aos nossos objetivos. Na nossa história como empresárias, por exemplo, constatamos a importância de repensar estratégias. Quando inauguramos a Teia e nos submetemos à aprovação na Diretoria de Ensino, a Educação Infantil foi aprovada, mas o Ensino Fundamental não. Funcionamos com mandato de segurança e chegamos quase a desistir. Mas resolvemos persistir, rever algumas coisas, reorganizar outras e entramos com o pedido para autorização novamente. Fomos aprovadas e hoje servimos como modelo e fomos indicadas como uma escola Integral e Inovadora pelo MEC.

Até que ponto errar é humano e os erros norteiam o nosso aprendizado? Quando podemos notar que extrapolamos e é hora de parar?

Georgya Correa: Acredito realmente que o erro faz parte da construção, do aprendizado, do crescimento. Mas é essencial aprender com os erros, caso contrário a insistência se torna rebeldia, perde o sentido. A melhor maneira de verificar se estamos no caminho certo é observar os resultados. Analisar se eles estão de acordo com o nosso propósito, com aquilo que acreditamos e almejamos.

Como fazer dos erros um aprendizado realmente eficaz?

Georgya Correa: Tendo, em primeiro lugar, abertura para olharmos para nós mesmos, com tranquilidade, para perceber o que sabemos e onde temos dúvidas e precisamos de ajuda. Essa ajuda pode vir de um estudo, um amigo, um orientador. Percebendo o erro, sem se culpar, apenas aceitando os limites pessoais, procurar ultrapassá-lo. Para ultrapassá-lo é preciso experimentar um novo caminho, talvez outra maneira de fazer a mesma coisa. Algumas vezes, como na escrita de uma criança recém alfabetizada que escreve “caza”, a palavra escrita está certa, o erro está apenas em uma letra! Ou seja, é importante relativizar os erros e fracassos, olhar sobre outra perspectiva.

Então, fica a dica: ao invés de “jogar a toalha” diante do fracasso, aproveite a oportunidade para repensar as estratégias, rever suas escolhas e reavaliar o seu negócio. O erro pode – e deve - ser uma ótima oportunidade de aprendizado. E para a sua empresa crescer e amadurecer, faça um exercício de perseverança. Cair e levantar inúmeras vezes, encarar o não de frente, recomeçar e recomeçar, como fazem as crianças.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

É possível potencializar o aluno? - Entrevista com Jamile Coelho para revista Mestres +


Como melhorar o aprendizado? A proposta do Espaço Educacional é buscar o autoconhecimento por meio do Perfil Cognitivo para saber as habilidades e dificuldades de cada um, ajudando a construir um projeto de estudo personalizado. Jamile Coelho, diretora do EE, deu uma entrevista sobre o assunto à revista Mestres +. Confira trechos da reportagem:

Na teoria, os estudantes são relativamente iguais nas instituições escolas. Recebem a mesma atenção, assistem às mesmas aulas e enfrentam as mesmas cobranças. Na prática, a verdade é bem diferente. Cada aluno tem características peculiares e responde de uma maneira específica aos estímulos. Alguns aprendem com maior facilidade escutando o professor falar em sala de aula, outros reagem melhor quando têm apoio de algum material visual e, por fim, há aqueles que têm maior desenvoltura por meio da interação. Esses são, de maneira resumida e simplificada, os três perfis (auditivo, visual e cinestésico) que integram o Perfil Cognitivo dos indivíduos.

Basicamente, é a partir destes modelos que as informações são processadas pelo cérebro. Claro que um deles sempre predomina nas potencialidades. Mas, se são tantos alunos numa mesma sala de aula, com os perfis de cada indivíduo, como diferenciá-los e potencializar as suas habilidades?  A situação ficou complexa, certo?

Pois é a partir de agora que tudo passa a fazer sentido, como explica Jamile Coelho, que dirige o Espaço Educacional, de São Paulo. A instituição busca analisar os alunos em suas diferentes necessidades. São alunos novos, a partir dos seis anos, até os mais maduros, na terceira idade. O objetivo é identificar o indivíduo. E, a partir destas informações, conseguir ampliar o aprendizado. "É fundamental que o estudante se conheça. O ideal é que a escola faça isso. Porque, somente olhando o perfil cognitivo de cada um, será possível realmente trabalhar as habilidades e potencializar o ensino", destaca.

Com mais de 45 anos de experiência na área de educação, Jamile afirma que parte da dificuldade das escolas em tornar o aprendizado atrativo é por não conseguir estabelecer essa relação com o aluno. "Imagine uma sala de aula em que o professor está explicando um determinado conteúdo. Para os alunos auditivos (que representam em média 20%), esse modelo serve perfeitamente. Ele escuta e grava a informação. Só que os outros 80% acabam tendo dificuldades porque precisam de outros elementos para aprender", enfatiza.

No Espaço, o conceito mais valorizado é o de "personificação" do aluno. "As pessoas começam a perceber que todas têm habilidades e dificuldades. Assim, juntas se complementam", diz Jamile. E o resultado desse processo é a qualidade do aprendizado. E para ela, essa é a chave para melhorar o aproveitamento dos alunos e a qualidade do ensino.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Infância não é carreira e filho não é troféu



"Infância não é carreira e filho não é troféu". Esse é o título de um artigo reflexivo publicado no site do "Toda Criança Pode Aprender". Confira:

Nesse mundo contemporâneo, ter, ser, saber, parecem fazer parte de uma competição. Nesse mundo, alguns pais e algumas mães acabam acreditando que é preciso que seus filhos saibam sempre mais que os filhos de outros. E isso sim seria então sinal de adequação e o mais importante: de sucesso.

O que uma criança deve saber aos 4 anos de idade? Essa foi a pergunta feita por uma mãe, em um fórum de discussão sobre educação de filhos, preocupada em saber se seu filho sabia o suficiente para a sua idade.

Segundo Alicia Bayer, no artigo publicado em um conhecido portal de notícias americano – The Huffngton Post -, o que não só a entristeceu mas também a irritou foram as respostas, pois ao invés de ajudarem a diminuir a angústia dessa mãe, outras mães indicavam o que seus filhos faziam, numa clara expressão de competição para ver quem tinha o filho que sabia mais coisas com 4 anos. Só algumas poucas indicavam que cada criança possuía um ritmo próprio e que não precisava se preocupar.

Para contrapor às listas indicadas pelas mães, em que constavam itens como: saber o nome dos planetas, escrever o nome e sobrenome, saber contar até 100, Bayer organizou uma lista bem mais interessante para que pais e mães considerem que uma criança deve saber.

Veja alguns exemplos abaixo:

Deve saber que a querem por completo, incondicionalmente e em todos os momentos.
Deve saber que está segura e deve saber como manter-se a salvo em lugares públicos, com outras pessoas e em distintas situações.
Deve saber seus direitos e que sua família sempre a apoiará.
Deve saber rir, fazer-se de boba, ser vilão e utilizar sua imaginação.
Deve saber que nunca acontecerá nada se pintar o céu de laranja ou desenhar gatos com seis patas.
Deve saber que o mundo é mágico e ela também.
Deve saber que é fantástica, inteligente, criativa, compassiva e maravilhosa.
Deve saber que passar o dia ao ar livre fazendo colares de flores, bolos de barro e casinhas de contos de fadas é tão importante como praticar fonética. Melhor dizendo, muito mais importante.

E ainda acrescenta uma lista que considera mais importante. A lista do que os pais devem saber:

Que cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer cálculos a seu próprio ritmo, e que isso não tem qualquer influência na forma como irá andar, falar, ler ou fazer cálculos posteriormente.

Que o fator de maior impacto no bom desempenho escolar e boas notas no futuro é que se leia às crianças desde pequenas. Sem tecnologias modernas, nem creches elegantes, nem jogos e computadores chamativos, se não que a mãe ou o pai dediquem um tempo a cada dia ou a cada noite (ou ambos) para sentar-se e ler com ela bons livros.

Que ser a criança mais inteligente ou a mais estudiosa da turma nunca significou ser a mais feliz. Estamos tão obstinados em garantir a nossos filhos todas as “oportunidades” que o que estamos dando são vidas com múltiplas atividades e cheias de tensão como as nossas. Uma das melhores coisas que podemos oferecer a nossos filhos é uma infância simples e despreocupada.

Que nossas crianças merecem viver rodeadas de livros, natureza, materiais artísticos e a liberdade para explorá-los. A maioria de nós poderia se desfazer de 90% dos brinquedos de nossos filhos e eles nem sentiriam falta.

Que nossos filhos necessitam nos ter mais. Vivemos em uma época em que as revistas para pais recomendam que tratemos de dedicar 10 minutos diários a cada filho e prever um sábado ao mês dedicado à família. Que horror! Nossos filhos necessitam do Nintendo, dos computadores, das atividades extraescolares, das aulas de balé, do grupo para jogar futebol muito menos do que necessitam de nós. Necessitam de pais que se sentem para escutar seus relatos do que fizeram durante o dia, de mães que se sentem e façam trabalhos manuais com eles. Necessitam que passeiem com eles nas noites de primavera sem se importar que se ande a 150 metros por hora. Têm direito a ajudar-nos a fazer o jantar mesmo que tardemos o dobro de tempo e tenhamos o dobro de trabalho. Têm o direito de saber que para nós são uma prioridade e que nos encanta verdadeiramente estar com eles.

Então, o que precisa mesmo – de verdade – uma criança de 4 anos?

Muito menos do que pensamos e muito mais!

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Brinquedos - Consumo Consciente




O Dia das Crianças já passou, mas se quiser comprar um brinquedo, roupa ou outro bem para as crianças no Natal ou aniversário delas, confira abaixo cinco perguntas que pode fazer para ajudá-las a pensar sobre o pedido e fazer uma escolha mais consciente. O texto é de Andy de Santis, editado pela Inez de Oliveira para o SerasaConsumidor:

1- Por que você quer esse presente? Se a resposta for “porque todo mundo na minha escola tem”, aproveite para conversar sobre as diferenças: não é porque todo mundo tem algo que precisamos ter também. Aliás, se todas as crianças tivessem os mesmos brinquedos, qual seria a graça de brincar juntos? Abra sua casa e convide a turma para uma tarde de brincadeiras compartilhadas e aproveite para ensinar esta lição na prática. Funciona assim: cada um traz um brinquedo diferente do outro e todos podem experimentar coisas novas.

2- Quantos brinquedos parecidos com esse você já tem? No ano passado, você fez o maior esforço para comprar aquela boneca ou carrinho “dos sonhos” da criança. Esse ano um novo modelo foi lançado no mercado, com pequenas diferenças e o dobro do valor. Que tal fazê-la pensar sobre isso? Peça para ela fazer uma lista dos brinquedos parecidos com este e que estão em bom estado. Ao invés de comprar a boneca novinha, pode ser divertido costurar novas roupas para as bonecas que ela já tem, ou pintar o carrinho de uma cor diferente.

3- O que você vai doar em troca do seu brinquedo novo? O dia das crianças é um bom momento para as crianças começarem a entender o que é desapego e doação. Essa pergunta irá ajudá-las a entender duas questões fundamentais que tornarão suas decisões mais conscientes:
Falta espaço em casa quando se acumula tantos brinquedos
Outras crianças podem não ter a mesma sorte que ela

4- Posso ajudar com uma parte. Como você pretende completar o valor que falta? Se o pedido estiver acima das suas possibilidades, não hesite em dizer o quanto você pode gastar e sugerir que ela pense em alternativas para conseguir o que falta para completar o valor necessário. Ela pode organizar uma “vaquinha” com outros parentes ou vender brinquedos usados. Isso irá ajudá-la a desenvolver o espírito empreendedor e a independência na elaboração de estratégias para conquistar seus sonhos. Afinal, é disso que trata a educação financeira!

5- O que você acha de trocar o brinquedo por uma festa do pijama? Crianças gostam mais de brincar do que de brinquedos. Ofereça a ela a chance de receber seus melhores amigos em casa para uma festa do pijama, uma tarde de filme com pipoca ou culinária divertida. Nesse dia, relaxe nas regras, deixe ela acordar mais tarde, comer sanduíche no almoço e afaste os móveis da sala para um concurso de dança. Assim você mostra a ela que as melhores coisas da vida são de graça.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A importância da arte para as crianças pequenas



Desenhar, pintar com os dedos, brincar com massinha ajudam no desenvolvimento das crianças. Confira a importância da arte no texto abaixo, publicado no site Educar Para Crescer:

Toda criança gosta de desenhar, certo? Com lápis de cor, tinta guache ou na areia, os pequenos de todos os países, épocas e classes sociais desenham suas casas, famílias e plantas, e, depois, mostram o resultado, orgulhosos, mesmo que sejam apenas alguns rabiscos. Desenhar é uma característica importante do ser humano. Tudo começou na época em que o homem vivia nas cavernas e passou a desenhar nas paredes os animais e as atividades que faziam parte de sua vida. "Indo ou não à escola, é natural que uma criança desenhe, porque o desenho já existia antes mesmo da criação da escola", explica a neurocientista e antropóloga Elvira Souza Lima.

As crianças que vivem em tribos e até mesmo as que tem deficiências visuais desenham, já que fazer traços com um lápis ou com o dedo e um pouco de tinta estimula o tato. Elvira Souza Lima afirma que mesmo que o desenho pareça um rabisco, para a criança, é uma narrativa, uma forma de contar uma história. Além disso, o movimento que as mãos e braços fazem ao desenhar são muito importantes para treinar o corpo e o cérebro para a próxima etapa: escrever.

A escrita nada mais é do que desenhar letras e juntá-las em palavras para criar significados. "Para escrever, usamos 21 áreas do cérebro, e algumas delas são desenvolvidas com o desenho", afirma Elvira. "Uma criança que desenha por 15 minutos todos os dias chega às letras naturalmente, já que o movimento para fazer uma letra de mão (letra cursiva) ou de forma (letra bastão) vem do desenho", ela diz.

Assim, uma criança que desenha bastante pode evitar dificuldades com a caligrafia quando estiver aprendendo a escrever. Mas Elvira alerta que as crianças não precisam parar de desenhar para aprender a escrever. As duas atividades podem continuar lado a lado. Ela destaca que, para desenvolver os movimentos que ajudam na escrita, a melhor escolha é o desenho livre. Ligar pontos, preencher ou colorir desenhos prontos é divertido e pode fazer parte das brincadeiras das crianças, mas é importante que ela treine seus próprios traços livres, com retas e curvas.

Brincar com massinha de modelar, argila e criar esculturas com sucata também é importante, pois ajuda a desenvolver a noção de espaço e profundidade. Elvira sugere que, pelo menos uma vez por semana, a criança brinque com algo relacionado à geometria espacial, como fazer castelinhos com bloquinhos de madeira ou montar cenários com caixas de sapato para a historinha de seus bonecos.

No Colégio Hugo Sarmento, em São Paulo, as artes plásticas, como desenho, pintura e escultura, fazem parte do currículo desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Segundo Patrícia Vasconcellos e Rosana Nunes, coordenadoras da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I do colégio, as expressões artísticas de diversas culturas, como arte indígena, africana e grega, são destacadas. A vida e a obra dos artistas também despertam interesse nos alunos e inspiram suas próprias produções.

"A arte, ao longo da vida estudantil, tem um papel fundamental na construção de um indivíduo crítico, fornecendo-lhe experiências que o ajudem a refletir, desenvolver valores, sentimentos, emoções e uma visão questionadora do mundo que o cerca", afirmam as coordenadoras.

Já a artista e educadora Stela Barbieri destaca: "Para as crianças não existe separação em os campos da arte, como música e pintura. Elas percebem o mundo com todos os sentidos". Para ela, que é assessora de artes da escola Vera Cruz, em São Paulo, e foi curadora das ações educativas da Bienal de Arte de São Paulo, a relação da criança com a arte não acontece apenas na escola. Ela explica que a criança participa de situações em que a relação com a arte acontece naturalmente, como conhecer as texturas em uma feira e os aromas na cozinha, ou brincar no quintal. "O contato com a arte não precisa ser apenas escolarizado", diz.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Perfil Cognitivo e Inteligência Múltiplas



O Perfil Cognitivo é um recurso de autoconhecimento oferecido pelo Espaço Educacional. Um dos detalhes que analisa são as Inteligências Múltiplas (linguística ou verbal, lógico-matemática, visoespacial, sonora ou musical, cinestésico-corporal, interpessoal, intrapessoal e naturalista). Assim, pode-se descobrir as áreas de interesse da pessoa, onde se localizam suas habilidades e talentos. 

As inteligências múltiplas podem ser utilizadas para aliar vocação com profissão, descobrir canais saudáveis para liberar o estresse e estimular a criatividade. Confira detalhes:

O que é ser inteligente no século 21?

Gardner quebrou o paradigma do que é ser inteligente quando criou a teoria das Inteligências Múltiplas. Ser inteligente é ter consciência de seu potencial. Usar com disciplina e paixão para resolver problemas, em benefício de causas e pessoas.

Quais são minhas as áreas de interesse e habilidades ou talentos?

Sabemos que cada um de nós tem um potencial para cada inteligência. No entanto, as quatro predominantes representam nossas áreas de interesse, onde estão nossas habilidades ou talentos.

Quais são os canais que posso escolher e utilizar para liberar o estresse de forma saudável?

Ajudar o estudante a descobrir quais as inteligências que podem funcionar como um canal para liberar o estresse de forma saudável é algo muito importante para que ganhe qualidade de vida. Por exemplo, atividade física (cinestésico-corporal); música (sonora ou musical); artes (cinestésico-corporal e visoespacial); contato com natureza e animais, jardinagem ou horta (naturalista).


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Universidade Shure no Japão: educação democrática


A Universidade Shure surgiu em 1999, em Tóquio, no Japão, e é uma das experiências pioneiras no mundo na adoção dos princípios da educação democrática (liberdade na aprendizagem e gestão coletiva) no contexto universitário. Alex Bretas entrevistou Kageki Asakura, um dos criadores da universidade, na IDEC@EUDEC 2016, uma conferência internacional que reúne todo ano pessoas que empreendem projetos de educação democrática. Conheça melhor a iniciativa por meio de trechos do bate-papo:

Alex: Existem várias coisas que eu gostaria de saber mais sobre você e a universidade Shure. Em primeiro lugar, quero te perguntar sobre um conceito. Você poderia me dizer qual é sua visão sobre aprendizagem? O que essa palavra significa para você? Como esse significado afeta seu trabalho?

Kageki: Há duas coisas que compõem a aprendizagem para mim: primeiro, me conhecer, saber quem sou eu. Descobrir quem eu sou é uma grande motivação para que eu aprenda. Aprender significa para mim, primeiramente, saber quem sou eu. Assim, ao aprender, eu começo a descobrir muitas coisas sobre mim mesmo. A segunda coisa que compõe o aprendizado é criar minha própria compreensão sobre o mundo e a sociedade. É importante ter em mente que não se trata do entendimento de um outro, e sim do meu entendimento único a respeito da minha comunidade, sociedade, do mundo que me cerca e do território onde vivo.

Alex: Incorporando esse entendimento a respeito da aprendizagem, você poderia me contar como a história da universidade Shure começou e como foi o seu envolvimento nisso?

Kageki: Desde 1992, eu trabalhava como professor de Ensino Médio na escola democrática Tóquio Shure. Os estudantes tinham ampla liberdade para aprenderem, mas quando eles se formavam e saíam da escola, se eles quisessem continuar estudando eles precisavam ir para outro lugar, talvez faculdades ou universidades.

No entanto, no Japão infelizmente as universidades não são apropriadas para que os estudantes formados em escolas democráticas estudem. Em primeiro lugar, para entrar nas universidades, eles precisam ser aprovados em provas muito competitivas. Para você ter uma ideia, muitos estudantes fora das escolas democráticas se preparam para essas provas durante 9 ou 10 anos. Muitos deles começam com 8 ou 9 anos a frequentar escolas preparatórias para o vestibular depois do período regular da escola. No Japão esses lugares são chamados escolas “cram”. Eles memorizam toneladas de conhecimento apenas para se preparar para as provas que terão de enfrentar anos depois. Ou seja: desde muito cedo eles estão lá memorizando, memorizando, então é realmente muito competitivo. Contudo, os estudantes das escolas democráticas não entendem a razão disso. É perda de tempo para eles. O que acontece é que depois do vestibular esses jovens esquecem tudo que eles “aprenderam”, pelo simples fato de que isso não é necessário em suas vidas. É um esforço sem sentido. Assim, quem frequenta uma escola democrática geralmente não quer ter que prestar um exame tão competitivo e rígido.



Mesmo depois de passar no vestibular, muitos estudantes universitários japoneses continuam se concentrando apenas em se preparar para conseguir um emprego. Vários deles buscam a todo custo conseguir boas notas em testes de proficiência em inglês como o TOEFL e o TOEIC, porque esses exames são uma boa preparação para conseguir uma vaga de trabalho. Desse modo, para quem estudou numa escola democrática, as universidades tradicionais não são um lugar tão interessante.

Além disso, nas universidades japonesas a estrutura costuma ser muito hierárquica. O professor é quem decide tudo: “no meu seminário, vocês precisarão ler este livro que eu escolhi” e coisas desse tipo são comuns.

Dessa forma, em 1998 um grupo de jovens se reuniu para começar a pensar numa alternativa. Mais da metade deles haviam se formado na Tóquio Shure, e a outra metade estudara em outras escolas democráticas ou haviam sido desescolarizados pelos seus pais. Esse grupo e eu começamos um comitê com o objetivo de criar uma universidade democrática. Todos queriam um lugar configurado para a educação livre num patamar de universidade, mas não existia um lugar assim. Por isso nós decidimos criá-lo. No começo nós tivemos longas discussões: em quais dias iríamos abrir, quanto custaria estudar nessa universidade, como seria o orçamento etc. Depois de conversar muito, no final de 1999 abrimos a universidade Shure. No início nós tínhamos apenas duas salas e seis estudantes. Foi assim que começamos esse processo.

Alex: Queria te perguntar algumas coisas mais específicas sobre como a universidade funciona hoje. Você poderia me descrever o caminho típico de um estudante desde que ele decidiu se matricular na Shure? O que acontece primeiro, e quais são as possibilidades que a universidade oferece para cada um na medida em que eles progridem?

Kageki: Em primeiro lugar, nós pedimos à pessoa para experimentar uma semana na universidade, de modo que ela possa decidir com segurança se ela quer estar lá ou não. Assim, cada novo estudante após a primeira semana pode tomar sua decisão a respeito de permanecer estudando na Shure ou não. Isso é importante porque nossa universidade é muito diferente das outras universidades japonesas. Muitas coisas são diferentes, então geralmente é muito difícil que as pessoas compreendam apenas por meio de palavras. Experimentar é muito mais fácil e permite ao estudante se analisar e então decidir se quer entrar na Shure. Mesmo se os pais de alguém quiserem que eles estudem na nossa universidade, se a própria pessoa não quiser, não faz sentido. Depois dessa primeira semana nós fazemos uma entrevista com a pessoa e perguntamos a ela como foi essa experiência. Se a pessoa então decide por se juntar à Shure, então nós lhe damos as boas-vindas. Não há condições ou restrições de entrada, exceto uma: os novos alunos precisam ter ao menos 18 anos. A condição essencial é a pessoa querer viver a experiência.

Se ela decidir que quer entrar, o primeiro passo é criar seu plano de aprendizado. Isso ocorre geralmente no início do ano letivo, que no Japão é em abril. Assim, cada estudante faz um plano de estudos para o ano, e para isso eles podem pedir ajuda a um professor.

No início do ano, todos os estudantes trazem suas ideias e nós as discutimos com o objetivo de montar o cronograma da universidade para aquele ano. Isso acontece nas reuniões gerais. Desse modo, alguns estudantes podem querer por exemplo ter aulas de filosofia, enquanto outros querem ter aulas de história, ao passo que um outro grupo pode querer criar um projeto de construção de um carro, e todos eles são bem-vindos para trazer qualquer ideia que tiverem. Depois de escutar todas as ideias, nós montamos o cronograma. Geralmente nós temos todo ano por volta de 20 a 30 atividades na agenda, mas não há qualquer obrigação. Talvez um aluno se envolva em 10 a 15 dessas atividades, ao passo que outra pessoa pode se envolver em apenas uma ou duas. A decisão é de cada um. Se a pessoa preferir criar um projeto individual, talvez ela não vá se envolver em nenhuma das aulas ou projetos do cronograma. É claro que, ao fazer isso, ele ou ela pode contar com o apoio dos professores ou de um de nossos mentores.

Nós temos 50 mentores e cada um deles tem sua especialidade: um é advogado, outro é filósofo e assim vai. Além disso, temos quatro professores para 40 estudantes, e nós professores também podemos apoiá-los se eles quiserem.

No início de outubro, um semestre depois do início do ano letivo, nós temos com cada estudante uma sessão de acompanhamento individual, e nessa conversa nós podemos ajudá-lo a ajustar seu plano de aprendizado para o ano, se for preciso.

E depois, no fim do ano letivo, todos os alunos fazem uma apresentação direcionada aos outros estudantes. Não há um formato específico para essa apresentação: se a pessoa quiser dançar, ela pode dançar, se ela quiser tocar uma música ou fazer uma fala com o auxílio do Powerpoint, se ela quiser escrever e apresentar um artigo, ela pode. Não há um formato obrigatório. E os outros alunos podem reagir à apresentação, de modo que cada estudante seja levado a refletir sobre o ano que passou. Um mês depois começa o próximo ano letivo, e assim os alunos que permanecerem começarão uma nova jornada. É um ciclo.

Quanto aos projetos, na Shure atualmente há um tema muito popular: cinema. Há algum tempo um grupo de estudantes começou um festival de cinema internacional. O que eles fizeram foi uma chamada aberta para filmes de todos os lugares, nacionais e internacionais. Os alunos, com a ajuda de um diretor de cinema experiente, escolheram os filmes a serem exibidos no festival. Eles também produziram um filme. Isso foi em agosto.

Em setembro e outubro há um momento de estudos autodirigidos. Geralmente no Japão, assim como em outros países como o Brasil, não é permitido usar o sujeito “eu” ao escrever artigos acadêmicos. Não é permitido escrever coisas como “eu gosto disso” ou “eu penso assim”.

Alex: Sim, isso é muito comum mesmo. Na academia somos impelidos a usar “nós” ou então até mesmo esconder o sujeito e fingir que ninguém está escrevendo aquilo.

Kageki: Sim, mas na universidade Shure, muitas pessoas estudam o eu. Elas buscam investigar e ressignificar o que aconteceu com elas mesmas no passado. Por exemplo: uma aluna começou a se aprofundar no seu complexo de inferioridade relacionado à sua percepção corporal. Ao interpretar algo que aconteceu consigo mesma, ela usou muito o sujeito “eu” em seus textos. Logo, todos são livres para escrever “eu” em seus artigos. Nós temos muitas pessoas cujos estudos estão mais voltados para o eu do que para a sociedade em que estão inseridas.

Em setembro, os estudantes escrevem um ensaio. Em outubro, eles também fazem uma apresentação pública de seus estudos, e nesse momento um filósofo faz um comentário crítico sobre as produções apresentadas.

Em dezembro nós temos um festival de teatro. No ano passado, convidamos uma escola democrática da Rússia para vir ao festival, e eles encenaram algumas peças de teatro russas para nós, e nós encenamos peças japonesas para eles.

Em fevereiro, um grupo de estudantes organiza uma exposição de arte. Temos esse tipo de evento aberto ao público umas quatro ou cinco vezes por ano.

Alex: Entrei no site da Shure e vi que vocês têm quatro tipos de atividades: cursos, projetos coletivos, projetos individuais e o curso “Criando seu próprio estilo de vida”. O que é exatamente o Criando seu próprio estilo de vida? É mesmo um curso ou é uma filosofia que embasa toda a universidade?

Kageki: Muitos estudantes da universidade Shure tem uma grande vontade de encontrar seus próprios caminhos na vida quando vêm até nós. Nossos estudantes estão realmente interessados em duas coisas: uma delas é responder à pergunta “quem sou eu?”. Eles têm esse interesse em comum. A outra coisa que eles querem é criar seu próprio estilo de vida. Essas duas coisas são muito importantes para eles. Por isso, o nome de uma de nossas aulas é “Criando seu próprio estilo de vida”. Contudo, isso não se aplica somente a esse momento, mas também a outros projetos e atividades que temos. Ao participar dos diferentes tipos de atividades oferecidos na universidade, eles estão criando seu estilo de vida.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Medos infantis devem ser tratados com respeito e sensibilidade



Você sabe como lidar com os medos das crianças? Segundo a psicóloga Verônica Esteves de Carvalho, é importante que sejam tratados com respeito e sensibilidade. Confira o texto assinado pela profissional e publicado no site da Empresa Brasil de Comunicação (EBC): 

Quem, quando criança, nunca teve medo de fantasma, de escuro, de morrer, de perder alguém querido, de ser abandonado? Quem não sentiu medo de médico, de dentista, de injeção ou de fazer coisas ainda não conhecidas? E medo de palhaço, de animais e outros tantos de uma lista infindável?

Se você não se lembra, certamente alguém do seu convívio na infância deve recordar de algum medo que você teve quando pequeno. Os medos fazem parte do mundo infantil, podendo tornar-se insignificantes e sem sentido com o passar do tempo, ou persistir ao longo da vida adulta. Os medos falam de conflitos e da dificuldade em lidar com questões reais ou imaginárias que nos ameaçam física e emocionalmente, e é isso que os faz ganhar tamanha dimensão.

Desde muito cedo as crianças são desafiadas frente aos medos. No entanto, por não terem maturidade para lidar com eles, elas precisam da ajuda dos adultos para sentirem-se seguras e confiantes para encararem e superarem aquilo que temem.

Quando o medo que a criança sente não nos faz sentido, é comum dizermos que tal medo é “bobo” (como o medo de bichão papão) ou desnecessário (quando o medo é de um cãozinho). Se não embarcamos nas fantasias da criança para ajudá-la a reconhecer o que a assusta, podemos cair num discurso vago e ainda corremos o risco de reagir com ira ou desdém, ignorando que por trás do medo há angústia e sofrimento.

Então, como sair dessa situação de impasse?

O uso de histórias sobre medos são um recurso sempre interessante para ajudar driblá-los. Algumas histórias são abordadas de forma direta e outras de uma forma mais sutil, deixando sua mensagem nas entrelinhas. Ambas são ricas, e não temos como saber de antemão qual pode ser mais atrativa para a criança.

Entre tantas histórias, há uma série escrita por Ruth Rocha e Dora Lorch que pode ajudar a criança a falar, encarar e até mesmo superar seu temor. São livros que abordam medos que representam conteúdos íntimos de uma criança como o abandono (Ninguém gosta de mim?); medos criados em relação a procedimentos nunca experimentados, como ir ao dentista ou já vivenciados com certa ansiedade, como o retorno ao médico (Será que vai doer?); medos que temos e não sabemos – de fantasmas e bichos que não existem, mas que estão dentro de nós e podemos combatê-los (Fantasma Existe?); e, medos que representam perigos reais da vida e são importantes para nossa proteção, como por exemplo, cair na piscina e se afogar por não saber nadar, atravessar a rua e ser atropelado (Tenho medo mas dou um jeito).

Através das histórias, as crianças percebem que não são as únicas a sentir determinado medo. Elas podem brincar com ele, rir dele, contar e criar outras histórias que o coloque num lugar diferente daquilo que ela vive, e ainda incrementar a “conversa” com outras formas de expressão, como o desenho, a pintura e o teatro.

Logo, precisamos ouvir as crianças em suas “argumentações” – muitas vezes ilógicas – e permitir-lhes que expressem física e verbalmente o que estão vivenciando. Os medos falam de sentimentos que as crianças estão experimentando e devemos conversar a respeito para que possam desmistificar conceitos e fantasias, pontuar, nomear e entender seu significado. Assim, ajudamos as crianças a elaborarem estes medos, que irão paulatinamente – cada qual em seu ritmo – diminuindo sua intensidade e até mesmo desaparecendo.

Expressar os medos é de extrema importância; dizer sobre seus sentimentos é fator de proteção física, emocional e social para que as crianças possam se desenvolver e criar relações seguras que servirão como base para estar no mundo de forma ativa e autoconfiante.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Lições valiosas sobre a importância da empatia na escola



Confira abaixo lições valiosas sobre a importância da empatia na escola. O texto é do HuffPost Brasil:

Uma sala de aula com alunos e professores pode ser a faísca de muitas revoluções pessoais, em vez do automático ensino-aprendizado esperado pela sociedade.

Ser uma faísca transformadora da realidade é o grande desafio das escolas, cada vez mais pressionadas a formar alunos que gerem resultado e correspondam à produtividade exigida do mercado de trabalho. Quando o olhar é transferido para o desempenho, dificilmente se consegue focar na pessoa, no indivíduo.

"Você tem que ser o melhor, você tem que passar no vestibular, você tem que responder a uma sociedade e a escola muitas vezes esquece que, para educar, a gente precisa mais do que papel e lápis", afirma Sônia Ribeiro, líder da Escola Comunitária Luiza Mahin, em um evento sobre empatia promovido pela iniciativa Escolas Transformadoras.

"Como é que a gente pode ser empático se a gente não olha o outro porque a gente não sabe se olhar?", questiona Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria.

Em momentos como o que vivemos, a empatia na educação se torna um elemento crucial: Sem ela, a comunicação e os laços entre professores, alunos e colegas de classe ficam frouxos, sem espaço para a compreensão ou para a solidariedade.

A empatia permite que enxerguemos a perspectiva de outra pessoa – e isso pode ser extremamente benéfico para nossos relacionamentos e ajuda a aliviar nosso estresse.

"Empatia é sentir no lugar do outro, é sentir pelo outro, sentir com ou como o outro", assinala Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e professor da Universidade de São Paulo.

"Se o educador não for capaz de se colocar no lugar do educando, dificilmente eles vão criar o vínculo necessário para que o processo de educar se realize", alerta Helena Singer, diretora nacional de inovação do Sesc.

"Vamos parar com essa história de a educação ficar atrás do mercado de trabalho. É por isso que a empatia desapareceu", decreta a psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão.

Singer lamenta:

"A estrutura escolar não favorece a empatia com o sentimento daquele que é estudante, seja criança, adolescente ou adulto. É perfeitamente possível escolarizar sem empatia e eu acho que essa é uma consequência grave."

Silvia Lignon Carneiro, fundadora da Escola Transformadora Amigos do Verde e do Instituto Sementes ao Vento, de Porto Alegre (RS), tem um palpite:

"O fato é que a gente está em uma sociedade competitiva muito dura, e durante a vida a gente vai perdendo essa nossa sensibilidade."

Entre sensibilidades perdidas e dificilmente procuradas, a empatia mostra seu poder na rotina. Ribeiro, de Salvador, lembra do dia em que esqueceu de preparar o lanche para o filho levar para a escola. Ele estuda no mesmo estabelecimento onde ela trabalha. Então ela foi até a sala de aula entregar o suco para o garoto, mas ficou receosa porque apenas ele receberia o lanche, enquanto as demais crianças ficariam olhando. O menino recebeu o suco e o bebeu.

"À noite, a gente conversando, eu disse a ele ‘fiquei com vergonha’. Sem eu sinalizar qual tinha sido a minha vergonha, ele falou ‘eu também’. Aí eu disse, ‘de quê?’. E ele disse ‘do suco’. Eu questionei, 'do suco?' 'Sim, porque quando fui bebendo, eu pensei ‘por que só eu?’.

Foi nessa hora que, emocionada, Ribeiro percebeu que o trabalho da escola estava dando certo. "Uma criança de 5 anos se incomodar como o fato de que, naquele calor de Salvador, só ele está bebendo suco, é empatia."

O evento reuniu pesquisadores, educadores e jornalistas para discutir sobre o cultivo da empatia nas escolas. O Escolas Transformadoras é uma comunidade global que tem como objetivo identificar, conectar e apoiar escolas com práticas inovadoras e fortalecer a visão de que todos podem ser transformadores da realidade.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Psicólogos de Harvard revelam: Pais que criam "boas" crianças fazem estas 5 coisas



Psicólogos da Universidade de Harvard vêm estudando o que torna uma criança bem criada nestes tempos de mudanças. Confira cinco dicas listadas pelos especialistas e publicadas no site O Segredo:

1 - Passe tempo com seus filhos

Passar o tempo com seus filhos significa deixar tudo de lado por um tempo, ler um livro, chutar uma bola, caminhar com ele, ou apenas jogar um jogo à moda antiga. Em termos mais simples, isso significa que você interage com sua criança. Estas são as coisas das quais vão se lembrar. Elas vão se esquecer do que você comprou. Só querem passar mais tempo com seus pais.

2 - Fale com eles

De acordo com os pesquisadores de Harvard, “Mesmo que a maioria dos pais diga que o cuidado com seus filhos é uma prioridade de topo, muitas vezes as crianças não estão ouvindo a mensagem.” Passe tempo com eles para descobrir o que está acontecendo em sua vida. Verifique com professores, treinadores. Descubra se há uma mudança em seu comportamento. Permita que seu filho se sinta confortável para vir e falar com você. Seu filho precisa saber que é a prioridade em sua vida. As crianças necessitam de confirmação através de palavras. As palavras são importantes. Converse com elas e compartilhe suas histórias sobre a escola, trabalhos de casa, amigos, e assim por diante.

3 - Mostre ao seu filho como resolver problemas sem estressar sobre o resultado

Um dos maiores presentes que você pode dar ao seu filho é a capacidade de analisar e resolver problemas. Deixe seu filho decidir por si mesmo o que ele quer. Você não pode resolver seus problemas o tempo todo. É saudável lhe permitir experimentar a vida através de suas próprias lentes. Conquistas são importantes e, ao permitir-lhe determinar o que quer, você está o presenteando com a consciência.

Você quer criar um adulto produtivo. Permita que ele venha até você e compartilhe seus problemas, e oriente-o a fazer as melhores escolhas possíveis. É difícil dar um passo atrás como e ver seu filho cometer um erro. Mas faz parte da aprendizagem e da evolução da nossa humanidade.

Rick Weissbourd, que conduziu o estudo, diz: “Estamos muito focados na felicidade de nossos filhos. Estamos fazendo-os se concentrarem apenas em casos de sucesso?” A pressão para a realização pode ter muitos resultados negativos”, diz Weissbourd, que é codiretor do projeto.

4 - Mostre a sua gratidão a seu filho regularmente

Os pesquisadores dizem que “os estudos mostram que pessoas que praticam o hábito de expressar gratidão são mais propensas a serem úteis, generosas, compassivas, felizes, saudáveis e perdoarem com mais facilidade.” Os pais devem dar tarefas aos seus filhos e, em seguida, expressarem gratidão por suas realizações. É importante que as crianças vejam que a gratidão é um dom notável. Sempre que fizerem algo, honre-as e reconheça-as pelo seu desempenho.

Como pais, é nosso devem ensinar nossos filhos a serem compreensivos e compassivos para com os outros. As crianças aprendem pelo exemplo. Leve-as a um abrigo. Permita-lhes testemunharem como têm sorte de terem uma casa. Ajudar seus filhos é não apenas dar-lhes uma chance de serem adultos surpreendentes, mas também remover o preconceito da intolerância e diferenças. Tudo começa em casa.

5 - Ensine seus filhos a expandirem a sua visão

Isso remonta à mostrar-lhes gratidão. Deixe seu filho experimentar o mundo através de sua compaixão. Os pesquisadores dizem que “quase todas as crianças empatizam e se preocupam com seu pequeno círculo de familiares e amigos.”

Ensine seu filho a ser um bom ouvinte, a interagir sem o uso de tecnologia, ser compreensivo com outras pessoas fora de sua família, e não julgar qualquer pessoa com base em sua religião ou nacionalidade. Estamos em tempos cruciais da evolução humana, e esta nova geração tem a capacidade de ser mudar o nosso mundo. Expor seu filho a diferentes culturas ajuda a desenvolver uma pessoa amorosa, gentil e feliz.

Você é responsável por criar almas amorosas. Ajude-as a navegarem neste mundo através da compaixão, amor e bondade.

“Criar uma criança respeitosa, carinhosa e ética sempre foi um trabalho árduo. Mas é algo que todos nós podemos fazer. E nenhum trabalho é mais importante ou mais gratificante.”

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Efeitos da agenda cheia




Seu filho tem a agenda tão lotada quanto um adulto? Em um momento em que as pessoas pensam em desacelerar, por que não ensinar as crianças a fazer o mesmo? Tempo livre de forma alguma é “tempo perdido”. O ócio favorece a criatividade e outras habilidades importantes. Brincar é um “treino” para a vida – imaginar algumas situações e vivê--las de modo fantasioso é uma preparação para enfrentar desafios. Veja mais detalhes do texto da revista Neuroeducação

Escola, esporte e um sem fim de atividades extracurriculares. Nem bem o ano inicia, a agenda de nossos filhos e alunos já está lotada! Família e escola se empenham em oferecer o maior número de oportunidades para o desenvolvimento de potenciais, atendendo às expectativas dos adultos. Antes de nos aprofundarmos no tema da agenda infantil, é interessante pensar em como o tempo era representado na Grécia antiga: pela figura de dois deuses, Cronos e Kairós.

Cronos era um velho cruel e tirano que controlava o tempo desde o nascimento até a morte. Era um ditador da quantidade de coisas que deviam ser feitas durante o dia e cuidava daquele tempo que parece nunca ser suficiente, que preocupa, escraviza e estressa. Kairós, ao contrário, era um jovem ágil que corria rapidamente, era impossível segurá-lo ou trazê-lo de volta; ele simbolizava a oportunidade, a ideia de que não havia uma segunda chance de viver esse tempo!

Uma infância produtiva deveria estar repleta de Kairós! Deveria transbordar de momentos que fluem e marcam o resto da vida, de tempo vivido que corre, que não volta, de tempo para brincar, usar a criatividade sem barreiras, usar a imaginação, de pintar e cantar. A infância deveria conter brincadeiras de faz de conta, cantigas de roda, joelhos ralados, roupa suja, além de muitas ocasiões envoltas em fantasias!

Hoje, percebemos tanto nas famílias como nas escolas a necessidade de preencher com atividades o tempo da criança, enchendo sua vida de Cronos, de horários, de agendamentos. Como disse um educador que conheço, “nossos alunos e filhos estão a menos tempo nesse planeta” e por isso, nós, os adultos, devemos mostrar como fazer, como aproveitar e como viver o tempo que temos por aqui.

“TRABALHO DA INFÂNCIA”

Sabemos que pessoas criativas fazem mais associações entre as informações. Todos concordamos que a criatividade é essencial para produzir ideias originais, inesperadas, e gerar adaptações úteis na resolução de problemas. A ciência mostra que não só os seres humanos brincam, mas os animais de todas as espécies fazem isso. Brincar seria um “treino” para a vida, imaginar algumas situações e vivê-las de modo fantasioso nos ajudaria a enfrentá-las e a resolver situações-problema. Segundo a Unesco, “quando uma criança experimenta diferentes maneiras de utilização dos objetos, como, por exemplo, um cabo de vassoura tornando-se um cavalo, ela evolui da imitação até o uso criativo de objetos à medida que busca expressar suas ideias de como vê o mundo a que pertence”.

Brincar, para os neurocientistas, é parte do desenvolvimento humano. Em seu livro O cérebro e a inteligência emocional: novas perspectivas (Objetiva, 2012), o psicólogo Daniel Goleman sugere que, por meio do brincar – e em estreita interação com o ambiente e seus semelhantes –, novos caminhos neurais se formam e distintas áreas do cérebro se tornam interconectadas. A neurociência já mostrou que o brincar tem papel essencial em vários processos cerebrais; ao proporcionar muitas e variadas experiências, provocaria a formação e consolidação de importantes circuitos neurais, tornando interligadas áreas do cérebro relacionadas a distintas competências ou conjuntos de habilidades.

Pesquisadores como Robert Fagen, autor de Animal play behavior (Comportamento lúdico em animais, sem tradução para o português), acreditam que o brincar tenha valor adaptativo, “uma vez que a atividade envolve riscos para a sobrevivência e desperdício energético para indivíduos em crescimento”, o que acontece também com os seres humanos. Muitos já escreveram sobre o brincar, entre eles Jean Piaget, que afirmava que “brincar é o trabalho da infância” e também que o “brincar livre e o brincar dirigido são essenciais para o desenvolvimento de habilidades acadêmicas”.

As psicólogas Kathryn Hirsh-Pasek, da Universidade Temple, e Roberta Golinkoff, da Universidade de Delaware, realizaram uma pesquisa para saber qual dos dois tipos de brincadeira, a dirigida ou a livre, promovia mais aprendizagem, e entre muitas reflexões fizeram algumas constatações importantes, baseadas em vários autores: “O brincar livre e o brincar dirigido são igualmente importantes para promover competência social e confiança, assim como autorregulação ou capacidade da criança para controlar seu próprio comportamento e suas emoções”. Em artigo publicado on-line na Encyclopedia on early childhood development, escreveram que no “brincar livre, a criança aprende a negociar com os colegas, a esperar sua vez e a gerenciar-se e gerenciar os demais”. Chegaram à seguinte conclusão: “O brincar livre e o brincar dirigido oferecem um forte apoio para a aprendizagem acadêmica e social. De fato, comparações entre crianças em idade pré-escolar que utilizam abordagens lúdicas, centradas na criança, e entre aquelas que participam de abordagens menos lúdicas, mais orientadas pelo professor, revelam que o primeiro grupo apresenta melhores resultados em testes de leitura, linguagem, escrita e matemática. Ambientes mais envolventes e interessantes para crianças favorecem o aprendizado no ensino fundamental”. Além disso, as autoras surpreenderam-se com o fato de as escolas terem diminuído seu tempo de brincar livre, de recreio ou intervalo, e também com a diminuição em mais de 50% do tempo que as crianças tinham para atividades ao ar livre em 1997 em comparação com o que têm agora.

Em pesquisa recente publicada no The Journal of American Medical Association, pesquisadores concluem que, no período de aquisição de linguagem, “(…) brincadeiras com brinquedos eletrônicos estão associadas à diminuição da quantidade e qualidade da linguagem adquirida em comparação com o brincar com livros ou brinquedos tradicionais. Para promover o desenvolvimento precoce da linguagem, brincar com brinquedos eletrônicos deve ser desencorajado. Os brinquedos tradicionais podem ser uma alternativa valiosa para o tempo que a criança tem para brincar, assim como a leitura de um livro feita por um adulto”. A Academia Americana de Pediatria tem reiterado a recomendação de que as crianças não deveriam ser expostas a nenhuma mídia eletrônica antes dos 2 anos de idade e utiliza o seguinte argumento: “O cérebro da criança se desenvolve rapidamente nesses primeiros anos e crianças pequenas aprendem mais interagindo com pessoas do que com telas”. Por isso, mesmo servindo de “tranquilizante” para as crianças, vídeos e jogos não deveriam ser utilizados antes dos 2 anos, principalmente durante as refeições, nem como alternativa preferencial quando outro ser humano pode interagir com os pequenos. Ensiná-los a se acalmar e a comer com atenção focada dá trabalho e estamos optando pela distração, não pelo aprendizado.

Ainda de acordo com a Academia Americana de Pediatria, crianças entre 8 e 10 anos têm passado, em média, oito horas diárias em contato com mídias eletrônicas, o que causa efeitos negativos no comportamento, na saúde e no desempenho escolar. A recomendação é que crianças e adolescentes não passem mais de duas horas diárias em contato com essas mídias.

ESTRESSE E ANSIEDADE

O psicólogo educacional Anthony Pellegrini, da Universidade de Minessota, identificou: “Crianças do ensino fundamental que brincam livremente durante o recreio retornam às aulas com a atenção renovada em relação ao seu trabalho. Essas crianças apresentam melhor desempenho em leitura e matemática do que crianças que não participaram do recreio”. Em seu livro Recess: its role in education and development (Recreio: seu papel na educação e desenvolvimento, sem tradução para o português), escreve: “As habilidades conhecidas como funções executivas (atenção, resolução de problemas e inibição), desenvolvidas sob as condições do brincar dirigido, foram relacionadas ao melhor desempenho em matemática e leitura. Brincadeiras físicas foram também associadas com áreas de desenvolvimento do cérebro – lobos frontais – responsáveis pelo controle comportamental e cognitivo”.

Mau humor, irritabilidade, choro, dor de cabeça, de estômago e nas pernas e alergias podem ser sintomas de estresse na infância. Quando a criança fica exposta por muito tempo à liberação de cortisol, que é o hormônio envolvido diretamente na resposta ao estresse, pode apresentar diminuição na capacidade de aprendizagem. A falta de tempo livre para brincar sem ser dirigida pode estressar a criança. O uso excessivo de eletrônicos também pode desencadear estresse e depressão.

Hoje nem mesmo as festas infantis proporcionam tempo para o brincar livre: monitores, mágicos e outras atrações mantêm a criança “ocupada”. Os pais fazem o mesmo com a semana da criança e enchem sua agenda de atividades. Em que momento as crianças farão um graveto virar um avião ou um trem? Quando exercitarão sua imaginação e criatividade? Quando aprenderão?

Muitos pais ficam preocupados em capacitar seus filhos para as demandas de um mercado de trabalho de um futuro que desconhecem. Habilidades como a criatividade, a inteligência emocional e a resolução de problemas com certeza sempre serão um diferencial em qualquer profissional. Nada desenvolve mais essas habilidades na criança do que o lúdico. O brincar sozinho, o brincar com pares, o brincar livre e, às vezes, de forma dirigida serão de grande valia para o futuro e também para o presente de nossos alunos e filhos.

Para a aprendizagem precisamos de desafios e exigências, mas não precisamos de estresse, de sobrecarga. Sabemos que as respostas ao estresse podem variar da agressividade à fuga.

PAUSAS BEM-VINDAS

Uma escola na Inglaterra, nas proximidades de Newcastle, mostrou-se um verdadeiro laboratório de aprendizagem ao testar o mesmo conteúdo em turmas diferentes com métodos completamente distintos. Em uma delas, a matéria do dia foi formatada em sessões de 8 minutos, seguidas de uma pausa de 10 minutos, com brincadeiras que não tinham nada a ver com a disciplina. A retenção do conteúdo foi muito maior nessas turmas do que nas que utilizaram o método comum. Sabemos que o cérebro não fixa a atenção por longos períodos. Quem sabe a resposta não seja a escola ter pequenos períodos de aula intercalados com brincadeiras?

Renata Proetti, da Associação Internacional pelo Brincar (IPA, www.ipabrasil.org), que tem como principal objetivo a defesa do direito do brincar e à cultura, como preconiza o artigo 31 da Convenção sobre os Direitos da Criança, afirma que a exposição infantil às telas (TV, games, computadores, tablets e celulares) está ultrapassando o tolerável e aceitável do ponto de vista da saúde. “Os pais trabalham fora mais e mais horas por dia, fazendo com que as crianças estejam sujeitas às telas como um recurso para o uso do seu tempo livre, que, em tese, deveria ser usado para outras atividades. As grandes cidades, além de muito urbanizadas e com extrema escassez de áreas livres e parques, hoje são vistas como uma zona de risco às crianças devido à violência. Juntos, esses fatores acabam levando as crianças ao sedentarismo, ao abuso da tecnologia. Esse abuso faz com que a criança não brinque. Quando ela não brinca, deixa, entre outras coisas, de se socializar. A socialização cria mecanismos importantíssimos no desenvolvimento da aprendizagem, como ter empatia. A não socialização pode desencadear mecanismos ligados à violência e à depressão. O índice de crianças deprimidas e fazendo uso de medicações no Brasil nunca foi tão alto. Um dos resultados imediatos da falta do brincar é a depressão infantil; os efeitos disso nesse indivíduo adulto, ainda não sabemos quais serão”.

Em um momento em que adultos pensam em desacelerar, por que não ensinar as crianças a fazer o mesmo? Por que gerar ansiedade desde tão cedo? Não estamos deixando que nossas crianças sintam que a infância é confortável. Achávamos as tardes muito longas na nossa própria infância, mas, com a vida adulta e a agenda lotada, elas começam a passar mais rápido. A maioria das crianças de hoje reclama que o tempo passa rápido e não têm tempo! Como adultos, estamos retirando o tempo de nossos filhos e alunos. Essa responsabilidade é nossa e temos de repensar muito o que proporcionar a essas gerações mais novas. Que qualidade de vida estamos oferecendo a essas gerações de crianças irritadas, agressivas, agitadas, desanimadas, ansiosas? Para quê? Por quê?

VANTAGENS DO ÓCIO

Em 2012, a Academia Americana de Pediatria lançou um documento que chamava atenção para os impactos negativos do estresse tóxico, que trazia prejuízos para a aprendizagem, o comportamento e o desenvolvimento físico e mental. O relatório sugeria que parte dos problemas mentais que ocorriam nos adultos deveria ser vista como transtornos de desenvolvimento com início na infância. Desde 2012, o que foi feito para deter a evolução desses transtornos? Nas escolas encontramos muitas crianças com diagnóstico de depressão, pânico e outros problemas relacionados ao encurtamento da infância.

A brincadeira é antes de tudo um direito, e todas as crianças do mundo brincam, mas nossas expectativas quanto ao futuro e ao desempenho delas estão roubando o que elas têm de mais bonito: a espontaneidade, a fantasia e a imaginação. Segundo Fernanda Marques e Helenise Ebersol, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “(…) uma criança que não consegue brincar deve ser objeto de preocupação. Disponibilizar espaço e tempo para brincadeiras, portanto, significa contribuir para um desenvolvimento saudável. É importante também que os adultos resgatem sua capacidade de brincar, tornando-se, assim, mais disponíveis para as crianças enquanto parceiros e incentivadores de brincadeiras”.

No livro Einstein teve tempo para brincar (Guarda-Chuva, 2006), Hirsh-Pasek e Golinkoff escrevem que “brincando mais livremente, as crianças terão mais chance de desenvolver a inteligência emocional”. Afirmam ainda que a inteligência emocional vem com a maturidade, não em brinquedos passivos, e muito menos na pressa das atividades diárias. Os pais devem buscá-la na forma como interagem com seus filhos, no respeito construído pelo que eles dizem e fazem.

Para a pesquisadora em desenvolvimento humano Elvira Souza Lima, que está introduzindo em muitas cidades brasileiras o currículo que chama de Viver a Infância, “(…) o tempo para vivenciar essa fase da vida é essencial para a criança. Já sabíamos disso pela antropologia, que revela que brincar faz parte da história da evolução da espécie humana. Hoje, com a neurociência, temos a comprovação de que brincar desenvolve áreas importantes do cérebro, que serão base para aprendizagens futuras. Pelo brincar, a criança se insere na cultura, desenvolve os sistemas expressivos, a empatia e a comunicação humana. O impacto da atividade de brincar no desenvolvimento infantil é maior e mais significativo do que às vezes seguir um ‘currículo’ de cursos e atividades para ocupar o tempo da criança”.

Pesquisadores e educadores concordam com os benefícios do brincar e, principalmente, do brincar livre, que estimula a troca entre os pares e o desenvolvimento de habilidades importantíssimas para a vida. Ao iniciar o ano, vamos procurar deixar espaços livres na agenda de nossas crianças para o brincar! Os gregos sabiam das coisas, sabiam que aquela ideia criativa, o insight, pode fugir rapidinho se não deixamos tempo para Kairós! Nada como o dolce far niente!