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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Da turma de alunos à comunidade aprendente



Confiram o texto "Da turma de alunos à comunidade aprendente", de Carlos Rodrigues Brandão, que reflete sobre a educação e a socialização:

Muitas vezes somos levados a pensar que ensinar e aprender é uma viagem de ida e volta que se passa em salas de aulas, na escola. A escola é o lugar social da educação. Essa é uma ideia correta, mas não inteiramente.

A educação que vivemos na escola, como estudantes, como professores, como as duas “coisas” ao mesmo tempo, é uma fração importante de nosso aprendizado, mas não única. A educação escolar é um momento de um processo múltiplo, de vários rostos e vivido entre diferentes momentos, a que costumamos dar nome de socialização.

Alguns estudiosos do assunto sugerem mesmo que ao longo de nossas vidas vivemos pelo menos duas dimensões do acontecimento da socialização. Vivemos desde o momento de nosso nascimento (alguns dizem que desde a nossa concepção) uma longa, fecunda e completa socialização primária.

É quando aprendemos conosco mesmos, com o lidar com o nosso corpo, atividade a que a criança pequeninas dedicam boa parte de seus dias. Aprendemos com o conviver com os mundos de nosso mundo. Aprendemos através de inúmeras e diferentes interações com nossa mãe, com nosso pai, com cada um e com os dois ao mesmo tempo. E com as outras pessoas de nossos círculos de vida: os outros integrantes da família nuclear, nossos parentes, vizinhos, amigos e tantos outros.

Ao longo de nossa vida – e não apenas durante a infância e a adolescência – convivemos em e entre diferentes grupos sociais. E dentro deles aprendemos: nossos grupos de idade (como uma “turma de amigo), nossos grupos de interesse (como futebol), nossas equipes de vida e de trabalho. Cada um deles aporta uma fração daquilo através do que, aos poucos e ao longo de toda vida, nós nos socializamos.

Palmer escreveu em 1999: 

“Sinto-me apaixonadamente comprometido com a não violação das necessidades mais profundas da alma humana, coisa que a educação faz com alguma regularidade. Como professor, vi o preço que temos que pagar por um sistema educacional tão temeroso das coisas espirituais a ponto de negligenciar as verdadeiras questões de nossa vida; preferindo fatos em detrimento dos significados, informação as custas da sabedoria. Esse preço é um sistema escolar que nos aliena e nos entorpece, que forma jovens que jamais receberam orientação sobre as questões que tanto vivificam quanto acabrunham o espírito humano.

...defendendo qualquer meio que possamos encontrar de explorar a dimensão espiritual do ensino, do aprendizado da vida. Por 'espiritual', não quero dizer as formulações dogmáticas de uma tradição específica de fé tradicional, por mais que eu respeite essas tradições, e por mais benéficos que possam ser seus ensinamentos. O que tenho em mente é a antiquíssima e permanente busca humana por ligação com algo maior e mais digno de confiança que nossos egos – com nossa própria alma, com nossos semelhantes, com os mundos da história da natureza, com os ventos invisíveis do espírito, com o mistério de estar vivo.”

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Reflexões de Diego Macedo, da Escola de Rua



Compartilhamos nesta semana as reflexões de Diego Macedo, da Escola de Rua, em um encontro com José Pacheco, da Escola da Ponte, em Portugal, e do Projeto Âncora, em São Paulo:

"Deixarei pequenas frases que surgiram da reflexão do Pacheco.

Dificuldade sociais, existenciais e econômicas, se forem resolvidas sozinhas, podem não frutificarem e darem o resultado esperado.

Projeto humano é projeto coletivo. Ao pensar em projetos, é importante que eles envolvam o coletivo, até porque na maioria das vezes os problemas de um podem pertencer a uma coletividade.

A melhor defesa é o ataque. É muito importante que, quando vemos um problema, resolvermos logo. Isso quer dizer que a própria atitude de zerar a ameaça é um ataque para evitar obstáculos que possam aparecer pelo caminho.

É muito importante sempre questionar o “porquê” de tudo. Isso ajuda sempre dando um entendimento do que está se passando no momento presente. Ex: Por que minha escola fala sobre viver de maneira autônoma e faz totalmente ao contrário no seu dia a dia?

Temos que olhar para a totalidade dos projetos do ser humano. Isso quer dizer que tudo que é criado deve contemplar as necessidades de estética, emocionais, físicas, espirituais do ser humano.

Escola Livre não quer dizer bagunça. Podemos pensar que possa ser isso, entretanto a verdade é que assumir estudar é tomar a própria responsabilidade sobre o estudo. Isso quer dizer que é necessário ter roteiros de aprendizagem, criar projetos, dando assim a oportunidade de vida e de expansão no sentido de uma vida com compromisso consigo mesmo e com o mundo."


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Educação


Vamos partir da definição de educação de Robert Happé: “Educação é antes de tudo abertura do coração.”

O educador precisa ter uma conexão consigo mesmo e aprender a fazer a leitura do ser humano que está ali, isso é, perceber e se conectar com seus pensamentos e sentimentos, pois eles representam a vibração da pessoa. Essa vibração interfere na comunicação, favorece a empatia e naturalmente tem como resultado o vínculo afetivo. Dessa forma, o canal do aprendizado para ensinar e aprender é aberto primeiramente pelo coração.

Precisamos de educadores que:

- tenham a sintonia de SERVIR;

- priorizem o RESPEITO e não regras e hierarquia;

- consigam olhar com profundidade e construir um VÍNCULO DE AMOR E CONFIANÇA;

- ajudem a combater O MEDO DE ERRAR, pois este é o grande bloqueio que não deixa as pessoas entrarem com curiosidade e prazer no processo de aprendizagem.

- acreditem que, ao ensinar e aprender, sempre partimos da CO-CRIAÇÃO e que a bagagem de experiências que cada um traz deve vir à tona para que haja envolvimento;

- trabalhem com leveza, criatividade e amor, pois os maiores ensinamentos chegam pelo EXEMPLO;

- valorizem o AUTOCONHECIMENTO, que é a base na qual construímos o nosso projeto de vida. 

Vamos começar o ano receptivos ao aprendizado que a vida sabiamente coloca à nossa frente por meio das circunstancias e pessoas que não chegam ao acaso, mas que atraímos porque existe algo que precisamos aprender juntos.

E que possamos ser felizes!