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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Como as crianças da Finlândia respeitam as regras brincando


A Finlândia é reconhecida pela melhor educação primária do mundo. Na escola, as crianças respeitam as regras brincando. Todos os dias, do ensino infantil ao médio, elas têm ao menos 15 minutos para recreação a cada hora. Confira detalhes sobre o assunto no texto produzido por The Hechinger Report e reproduzido pelo Porvir:

É hora do almoço na escola experimental de formação de professores da University of Eastern Finland, em North Karelia, um luxuoso distrito com floresta e lago próximo à fronteira com a Rússia.

Crianças da quarta série correm para a lanchonete só com meias nos pés, rindo, distribuindo abraços, ensaiando passos de dança e pulando. Uma menina fica de ponta-cabeça no corredor. Um professor elegante aparece no caminho e cumprimenta as crianças de modo informal. Ele é Heikki Happonen, diretor da escola e professor com carreira na educação infantil.

Como chefe da associação finlandesa de oito faculdades de educação de universidades federais, ele é, na prática, o professor-chefe da Finlândia, país que apesar de ter seus desafios e recentes deslizes em avaliações internacionais, responde pela melhor educação primária do mundo, de acordo com o relatório de competitividade global 2016-2017 elaborado pelo Fórum Econômico Mundial.

Segundo Happonen, a cena do corredor retrata um dos segredos do histórico sucesso da Finlândia na educação infantil.

O cérebro das crianças trabalha melhor quando elas estão se movimentando, diz o professor-chefe. Elas não apenas se concentram melhor na aula, como também se saem melhor ao “negociar, socializar, formar grupos e amizades”.

A Finlândia lidera o mundo ao descobrir que brincar é o mecanismo que mais ajuda no aprendizado das crianças. Elas aprendem no país por brincadeiras até os 7 anos e têm a garantia de receber intervalos de 15 minutos para recreação externa a cada hora durante todos os dias de aula (independentemente das condições climáticas) até o ensino médio.

Outro segredo crucial: o ambiente de aprendizagem, tanto o físico quanto o emocional.

“As crianças precisam se sentir na escola como se estivessem em casa, como se ela os pertencesse”, diz Happonen. “Elas são muito inteligentes, percebem e apreciam uma atmosfera de confiança. Nós as oferecemos um ambiente em que compreendem que ‘Este é um lugar onde sou muito respeitado, eu me sinto segura e confortável aqui. Eu sou uma pessoa muito importante’. Meu trabalho é proteger esse ambiente para as crianças. É para isso que venho trabalhar todos os dias”.

Happonen planejou por conta própria o moderno prédio nórdico da escola, formado por uma rede de salas de aula tradicionais unidas por corredores espaçosos, luz suave cinematográfica e cores quentes, uma suntuosa (para padrões americanos) sala de professores para café e trabalho colaborativo (incluindo uma sauna), além de cantinhos e sofás confortáveis para crianças relaxarem e se apoiaram com um colega ou um livro.

Conectando todas as peças, ao lado de um moderno laboratório de ciências, de uma lareira e sofás macios, está uma biblioteca aberta e modular para livros e revistas para as crianças aproveitarem.

Trata-se do ponto focal da escola. Em uma visita recente, uma professora da Espanha ficou quase sem palavras depois de alguns minutos dentro da escola. “É tão bonita”, ela disse. “Na Espanha, nossas escolas são como prisões. Mas isso é como um sonho”.

Happonen aponta para barcos coloridos de madeira entalhada à mão pendurados na parede de seu escritório, destacando diferentes formas, tamanhos e tipos de embarcações.

“Eu vi esses barcos em uma loja”, ele recorda. “Eles eram tão bonitos, decidi que tinha que comprá-los, mas não sabia por quê. Eu acabei pendurando em meu gabinete para que pudesse vê-los o tempo todo”.

“Então percebi o que eles são”, continuou. “Eles são crianças. Eles representam o fato de que todas as crianças são diferentes, eles começam de diferentes lugares e viajam em rotas diferentes. Nosso trabalho como professores é ajudar as crianças a navegarem por tempestades e aventuras, de maneira que cheguem bem e com segurança à sociedade e ao mundo”.

Alguns aspectos das escolas primárias da Finlândia podem ser específicos de sua cultura e intransferíveis para outros países. Mas muitas outras características são na verdade “boas práticas universais” para sistemas de educação infantil no Harlem, em Tóquio, Xangai, Paris, Los Angeles, Dubai, Cidade do México, África do Sul e outros lugares.

Essas práticas incluem aprendizagem inicial por meio do brincar, financiamento escolar justo, formação de professores altamente profissional, abordagem de gestão baseada em evidências e em educação integral, afeto e respeito pelas crianças e professores, ambientes de aprendizagem de baixo estresse e altamente desafiador, forte educação inclusiva e tratamento de todas as crianças como indivíduos talentosos e valorizados sem sacrificar sua infância com excesso de tarefas ou escolas superlotadas.

Por que qualquer uma de nossas crianças, especialmente aquelas de baixa renda, merecem menos que isso?

Nos Estados Unidos, décadas de tentativas atabalhoadas de reformar a educação levam a pouco ou nenhuma melhora nas escolas. Como um dos líderes do movimento reformista, Chester Finn, do Thomas B. Fordham Institute, declarou recentemente, “se você analisar que apesar de todas as reformas e todo o investimento que fizemos durante os últimos 25 anos nós continuamos com desempenho estagnado e passos lentos como resultados principais, é bem desencorajante”.

Qualquer familiar, professor ou legislador que esteja em busca de inspiração para que possamos trabalhar juntos para melhorar a educação de nossas crianças pode começar vindo à escola dos sonhos da Finlândia que fica na floresta.

William Doyle é produtor executivo de Transition of Power: The Presidency, do canal The History Channel. Doyle também é bolsista 2015-2016 da Fulbright e bolsista residente de 2017 da Rockfeller Foundation.

Este conteúdo foi produzido por The Hechinger Report, um veículo independente e sem fins lucrativos focado em desigualdade e inovação em educação. Reproduzido no Porvir mediante autorização.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O mais importante na vida de uma criança é ter com quem brincar, diz especialista



Luciano Lutereau, psicanalista e pesquisador da Universidade de Buenos Aires, afirma que as atuais opções de brinquedos e lazer dos pequenos não ajudam a desenvolver a capacidade de elaborar conflitos. Confira detalhes no texto do site do jornal Zero Hora

Doutor em Filosofia e Psicologia, o psicanalista argentino Luciano Lutereau, pesquisador e professor da Universidade de Buenos Aires, afirma que a melancolia sempre esteve associada à infância, mas reconhece que hoje essa condição se faz mais presente. O autor do livro O idioma das crianças lamenta que a brincadeira perca espaço para passatempos que são simples entretenimento, como videogames e outros atrativos tecnológicos, o que acarreta um prejuízo à capacidade de elaborar conflitos.

Os adultos têm enfrentado dificuldades para lidar com alguns sentimentos das crianças, como a tristeza, a raiva, a frustração?
Sem dúvida. Hoje nos encontramos com uma particular intolerância a respeito das emoções das crianças. Uma ideia própria da psicanálise, a de que a criança cresce através dos conflitos, é abandonada diante da expectativa de que ela sempre deve estar alegre. O imperativo do bem-estar, estendido à infância, leva o adulto a se assustar e a não saber como agir em situações normais, como as que demonstram a presença, na criança, de um sentimento de culpa inconsciente: por exemplo, as crianças são tachadas de instáveis ou impulsivas, quando esses estados expõem um traço particular do desejo infantil, o desejo de ser castigado. Um grande problema do nosso tempo é a intensa vigilância da infância em função de padrões adaptativos, como rendimento escolar, hábitos de higiene e costumes, e não baseada em seus próprios critérios de crescimento.

Em um artigo sobre a melancolia infantil, você escreveu que "começamos a temer o tédio como o mais urgente de todos os males e, no caso das crianças, nos preocupa muito mais que tenham algo para fazer do que pensar na plenitude do que fazem". Pode falar um pouco mais sobre isso?
Hoje em dia, parece muito mais importante ter uma vida exitosa do que uma vida autêntica. Dito de outra maneira, a sociedade contemporânea se baseia no efeito e não tanto no sentido. Desde muito cedo, as crianças são incluídas em práticas que ocupam o seu tempo, sem que isso implique uma "temporalização". Quando o tempo não está "ocupado", elas se sentem vazias e se aborrecem. Pedem para ser estimuladas. Inclusive os pais planejam suas viagens de férias considerando lugares que tenham recreação para seus filhos. Na tradição ocidental, o tédio e o aborrecimento não representaram apenas um tempo perdido, mas também uma passagem para a lucidez e a criação. A sociedade contemporânea, baseada na agilidade, esquece que o homem é a projeção no mundo da sua capacidade de invenção, e isso se reflete na infância como uma perda crescente da experiência lúdica. A brincadeira, antes de ser uma atividade, é uma ação que a criança inventa repetidas vezes. A brincadeira é o modo como a criança se inclui em um tempo próprio, e não uma temporalidade objetiva que prejudica o seu desenvolvimento.

Que tipo de mensagem o intenso consumismo de nossa época pode estar transmitindo às crianças?
O consumismo não tem mensagem, é uma ordem vazia de acumulação, de posse e descarte. O principal problema da atitude consumista é quando não se vincula apenas a objetos, mas também a pessoas. Desde pequena, a criança pode se acostumar a tratar os outros como descartáveis e as relações humanas como recicláveis e sem profundidade. O capitalismo atual é muito diferente daquele que se seguiu à Revolução Industrial. A sociedade pós-moderna não é utilitária, mas cínica, e este cinismo pode atingir as crianças se não levarmos em conta o importante papel da educação. Por exemplo, alguém poderia dizer a uma criança que ela não deve roubar porque pode ser presa, e isso não é mais do que um conselho prático. Na realidade, o fundamental é ensinar que ela não deve roubar porque assim prejudicará alguém. À moral de conveniência de nosso tempo, é preciso voltar a se opor uma ética da lei.

Por que a tristeza da criança é diferente da tristeza do adulto?
Porque nas crianças a possibilidade de perda é muito mais angustiante. Um adulto já está preparado para fazer uma relação entre o que se perde e o que permanece, através do luto, mas a criança costuma dramatizar essas perdas como absolutas. Além disso, a perda na infância pode acarretar um intenso sentimento de culpa – a criança acredita que fez algo errado ou foi má. A maneira como os adultos devem lidar com a tristeza das crianças é no sentido de reduzir o sentimento de culpa, permitindo que a brincadeira seja uma via de exploração das fantasias que as afligem. Esse território intermediário oferecido pela ficção, entre o interno e o objetivo, permite que a criança veja que seus temores não são tão intensos e que, além disso, são passageiros. E também que ela pode compartilhá-los com o outro sem ter medo de represálias. O mais importante na vida de uma criança é ter com quem brincar.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Perfil Cognitivo Kids



Mais uma novidade para o mês de fevereiro! O Perfil Cognitivo Kids será realizado com turmas de, no máximo, seis crianças. São quatro encontros, com 1,5 hora de duração cada. Confira detalhes sobre essa ferramenta de autoconhecimento do Espaço Educacional, que pode preparar pessoas de todas as idades para fazerem escolhas na vida alinhadas com propósito e significado:

É um recurso de autoconhecimento que nos ajuda a ter uma visão panorâmica de nosso potencial e de nossas fragilidades. A partir do resultado, aprendemos a explorar nossas habilidades, potencializando-as, e a exercitar aquilo que precisamos desenvolver.

Com os estilos de aprendizado, exercitamos a nossa comunicação e nossa forma de aprender, passamos a observar e reconhecer como as pessoas aprendem para conquistar uma comunicação eficiente e uma aprendizagem produtiva. 

Com os estilos de raciocínio ou de comportamento, exercitamos nossa capacidade para resolver problemas com inteligência emocional, ou seja, acessar o hemisfério cerebral esquerdo para enxergar a realidade e o hemisfério cerebral direito para ter acesso aos nossos sentimentos e, assim, agirmos alinhados com nossas convicções. A busca do equilíbrio entre razão e emoção é um processo que nos acompanha a vida toda e que nos auxilia a fazer escolhas.

Com as inteligências múltiplas, descobrimos nossas áreas de interesse, onde se localizam nossas habilidades e talentos. Uma nova concepção do que é ser inteligente surge e tem muito a ver com as exigências do século XXI. As inteligências múltiplas podem ser utilizadas como um recurso que nos agrega muitos benefícios, como aliar vocação com profissão, descobrir canais saudáveis para liberar o estresse e estimular a criatividade.

Mais informações pelo telefone (11) 3846-6785 ou pelo e-mail jcoelho@espacoeducacional.com.br.

Faça o teste do Perfil Cognitivo gratuitamente no site: http://perfilcognitivo.com.br/

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Projeto Alfabetização Emocional



O Espaço Educacional começa 2017 cheio de novidades! Uma delas é o Projeto Alfabetização Emocional (PAE). A partir de fevereiro, as turmas de seis a oito crianças participarão dos encontros de duas horas de duração, uma vez por semana. Confira detalhes: 

O Projeto Alfabetização Emocional nasceu para materializar a importância da inteligência emocional em nossa vida, não importa a faixa etária.

Ele representa o conceito de Educação para a Vida, pois o aprender e o ensinar só acontece quando estamos envolvidos emocionalmente na situação e, da mesma forma que pode estimular o nosso aprendizado, pode também bloquear.

O aprender nos acompanha desde a infância até a maturidade. Estar vivo é manter o brilho nos olhos para aprender em qualquer situação. 

A vida é composta de experiências com erros e acertos, que acionam imediatamente nossas emoções. E estas emoções precisam ser expressadas de diferentes formas para que aprendamos a lidar com elas de forma saudável. 

Aprender a olhar para dentro de si mesmo e acessar pensamentos e sentimentos (Inteligência intrapessoal) e aprender a se colocar no lugar do outro, com empatia, (inteligência interpessoal) é desenvolver a nossa inteligência emocional.

No ano passado, o Espaço Educacional realizou o Projeto Alfabetização Emocional (PAE) com crianças do Centro de Criança e Adolescente (CCA) Santa Teresa de Jesus. Confira aqui detalhes dos ótimos resultados!

Mais informações pelo telefone (11) 3846-6785 ou pelo e-mail jcoelho@espacoeducacional.com.br.