Páginas

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Erros e aprendizado



Vamos continuar a falar sobre erros. Compartilho mais alguns tópicos do texto de Alex Bretas sobre errar e valorizar os erros que cometemos, além de minhas reflexões sobre o assunto:

ERRAR É UM TAPA NA CARA 
"O erro nos faz perceber de maneira mais rica a realidade. O real tem uma força desmedida e incomparável. Nada se assemelha ao poder, que emerge na confrontação apreciativa da realidade, de enxergarmos o que é, e isso significa sempre dizer, o que está sendo. O erro é a sua mente, ou as concepções antigas dela, dando de cara com o real. Doloroso? Sim. Mas fundamental."

Minhas reflexões: Realmente é um “tapa na cara”, porque me obriga a olhar para o que está acontecendo verdadeiramente. Assisti a uma palestra que mostrou como a mente “mente” e isso é verdadeiro. Como desviar das concepções deformadas da mente? Primeiro, olhando além das aparências e enxergando os estragos que a mente, com todas as distorções, pode fazer em minha vida. Não é fácil, mas fundamental para prosseguir no aprender, desaprender e reaprender sempre.

TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO
"O que se considera 'errado' só é visto assim segundo determinado ponto de vista. Não nos esqueçamos nunca: a realidade é sempre vista por alguém. Certa vez, li uma história de duas pessoas que se encontraram pela primeira vez em um baile de máscaras. A “química” foi imediata e elas passaram a noite juntas. No outro dia, ao acordarem e conversarem, foram compartilhando suas histórias de vida, até chegarem a uma conclusão assustadora: eram irmãos. De repente, tudo que viveram foi absolutamente condenado no interior da mente de ambos, que nunca mais se viram. Terem vivido uma paixão foi um erro? Na cabeça deles, sim, e dos grandes. Mas só foi porque o caldo cultural com o qual elas foram banhadas desde o berço lhes dizia isso. Se começarmos a enxergar os erros a partir de diferentes perspectivas, cada qual com seus ingredientes culturais e históricos, talvez isso nos faça perceber que nenhum erro é total."

Minhas reflexões: Cada ponto de vista, ou seja, aquilo que foi visto por alguém, traz como bagagem a sua história de vida, as habilidades e desafios que utilizou, o contexto em que viveu na família, na comunidade, no país e no mundo, em cada momento histórico e cultural. Levando em conta o tempo cronológico, o CHRONOS e o tempo de cada um, o KAIRÓS, cada erro nos mostra um novo olhar para o que aconteceu e isso é vida que se renova.

HÁ BELEZA NO ERRO
"Provavelmente, você já se deparou com alguém falando sobre a técnica kintsugi, uma arte de cerâmica que utiliza ouro para reparar vasos quebrados. Vejamos o que a ceramista sul-coreana Yee Sookyong, adepta da técnica, diz a respeito: Para mim, um pedaço de cerâmica quebrada encontra outro pedaço, e eles começam a confiar um no outro. As rachaduras entre eles representam as feridas. O trabalho é uma metáfora da luta da vida, que faz das pessoas mais maduras e belas quando superam suas dores.

Conceitualmente, essa forma de arte aproxima-se do significado de wabi-sabi, uma visão de mundo de origem japonesa que afirma: “nada dura, nada é completo, nada é perfeito”. Em seu ótimo artigo sobre wabi-sabi, Jamie Brisick finaliza citando uma passagem do escritor e músico canadense Leonard Cohen: 'existe uma rachadura, uma rachadura em tudo. E é assim que a luz consegue entrar'."

Minhas reflexões: Realmente, quanta beleza existe em tudo que revela LUZ e SOMBRA em minha vida. A dualidade faz parte de tudo que faço e, quando consigo integrar os opostos, vem um sentimento de conexão, de aceitação e de entrega para aprender, errar, acertar e deixar fluir. Em tudo existe uma beleza oculta que, para ser descoberta, preciso olhar pelas rachaduras, pelas imperfeições. E este olhar é muito particular, muito meu, porque, se fosse o seu, iria revelar outro ponto de vista. E aí está a riqueza da diversidade que descobre infinitas possibilidades. 

ERRAR É HUMANO
"Na linha do que diz a definição de wabi-sabi, cometer um erro é a maneira mais fácil, e ao mesmo tempo mais contundente, de chamar a atenção para nossa impermanência, incompletude e imperfeição. Isso é um lembrete de humanidade pulsante. Nossa sede de acerto logo após errar, porque as pessoas humanas também acertam muito, é sim um reflexo do nosso ego, mas é, simultaneamente, nosso desejo de servir à sociedade, de contribuir para o bom funcionamento do universo. Que tenhamos presença de espírito para, na ânsia de querer acertar, não condenarmos o erro, porque é ele que nos lembra, imediatamente, do quão humanos somos. E, sendo humanos, inconclusos por excelência, que saibamos nos ajuntar com outras pessoas para nos completar, e que tenhamos bom-humor para aceitar a existência, impossível de ser corroída, do erro em nossas vidas."

Minhas reflexões: A minha vida é uma eterna impermanência, porque tudo está em movimento e em constante transformação. Não vou deixar que o erro, que faz parte do meu caminho de aprendizado, me bloqueie, me impeça de caminhar. Quero aprender a caminhar com mais leveza, quero seguir minha intuição e não me punir, nem sentir culpa quando errar. Muitas vezes, quando eu erro, estou acreditando, naquele momento, no que estou fazendo. Passado um tempo, quando vejo as consequências daquela minha ação, tenho um novo olhar para o que aconteceu e começo a enxergar novas possibilidades, diferentes das que havia escolhido. E, tudo bem, eu me transformo, amadureço e adquiro mais sabedoria para lidar com a vida neste caminhar de aprendizado não-linear.

Nenhum comentário:

Postar um comentário