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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

É sonhando que se economiza



O tema desta semana é educação financeira. Confiram as dicas de Andy de Santis, autora do livro "Lições de Valor", publicadas no blog da Editora Moderna:

Hoje, vamos falar um pouco mais sobre a importância de traçar metas financeiras para a realização de desejos e sonhos. E quer coisa melhor do que falar de sonhos com os nossos pequenos sonhadores?

Pode reparar: toda conquista que dependa de esforço e dedicação, um dia foi apenas um sonho, uma visão. Sonhar é essencial para mobilizar a energia de realização e é ainda mais importante para encorajar a persistência e a disciplina necessárias a quem pretende chegar a um destino, sem se perder no caminho. Afinal, se não sabemos aonde queremos ir, qualquer caminho serve.

Alice caiu em um buraco, e talvez por isso não se preocupe tanto aonde ir, apenas deseja sair daquele lugar. A metáfora do buraco talvez seja a mais apropriada para traduzir a situação de quem está endividado. Muitas pessoas me procuram com o desejo de sair das dívidas. Depois de ouvir o caso, eu lhes pergunto sobre seus sonhos e algumas me respondem: “Como posso sonhar se estou endividado? Meu único sonho é sair das dívidas”.

O que as pessoas endividadas talvez ainda não tenham notado é que a causa de sua situação pode ter sido justamente a falta de clareza dos seus sonhos. Por não terem definido uma visão de onde gostariam de chegar, tornaram-se reféns das tentações no caminho e acabaram se perdendo em dívidas, muitas vezes sem entender por quê. Claro que esta não é a única razão do endividamento, mas é uma das mais comuns.

Por isso, quando uma pessoa endividada me diz que não consegue sonhar, insisto para que tente. Peço para que feche os olhos e imagine que conseguiu pagar todas as dívidas. Os financiamentos, o cartão de crédito, o cheque especial e o consignado estão quitados e o saldo no banco está positivo. Aí, peço-lhe para abrir os olhos e então deixar a mente voar sem limites, perguntando: Agora que todas as suas dívidas estão pagas, o que deseja fazer? Qual será seu próximo sonho? E assim, ela começa a definir uma estratégia, não para sair do buraco, mas para alcançar esta meta. E faz isso consciente de que, ao definir um objetivo a se realizar, encontra mais forças para ultrapassar os obstáculos que a separam de atingi-lo.

Quando uma pessoa tem sonhos claros, fica mais fácil dizer “não” a si mesma, desviar das promoções, evitar as armadilhas do consumo e conter os impulsos. É um mecanismo que treina nossa consciência a abrir mão de um desejo imediato em prol de uma realização futura. A pessoa consegue olhar para um objeto de desejo e dizer a si mesma: “Eu não vou comprar esta bolsa, porque estou economizando para minha viagem”, “Não vou trocar meu celular agora, pois estou planejando comprar um carro no fim do ano”.

E você, já parou para pensar sobre onde quer chegar? Quais são seus sonhos, seus objetivos e projetos de vida? Proponho um exercício rápido: em uma folha de papel, descreva todos os seus sonhos, até mesmo aqueles que lhe pareçam mais improváveis. Depois, coloque-os em ordem cronológica, separando os sonhos que deseja realizar no próximo semestre, em um ano, cinco, dez e vinte anos. O próximo passo é pesquisar quanto custam seus sonhos e calcular quanto você precisaria guardar mensalmente para atingi-los. Se a meta lhe parecer impossível, experimente alongar um pouco o prazo de alguns sonhos ou quebrar os sonhos em etapas viáveis.

Definida a primeira etapa do sonho a se realizar, pense no que precisa fazer para alcança-lo. Talvez você precise economizar em algum item supérfluo ou tenha que trabalhar um pouco mais para aumentar sua renda. O importante é dar um passo de cada vez, dia após dia e quando você perceber, terá seu sonho realizado. ;-)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Coisas que aprendi em 2015



Para fechar o ano, Jamile Coelho, diretora do Espaço Educacional, fez um balanço do que aprendeu em 2015:

1 - Aprendi que educação para a vida supõe o desenvolvimento das competências emocionais e que, 22 anos atrás, eu, como educadora na fundação do Espaço Educacional, já tinha isso presente nos projetos educativos que desenvolvia.

2 - Aprendi que educação para a vida, autoconhecimento e inovação sempre fizeram parte da minha trajetória profissional como educadora.

3 - Aprendi que preciso expandir minha atuação como educadora levando ferramentas que criei e minha bagagem de experiências para a educação pública, contribuindo para um Brasil mais consciente. 

4 - Aprendi que o Perfil Cognitivo é uma ferramenta de autoconhecimento comprovadamente eficaz para mapear o potencial e as fragilidades das pessoas de diferentes gerações e que chegou a hora de expandir e atravessar fronteiras. 

5 - Aprendi que o Espaço Educacional vai passar por transformações necessárias para se adequar ao momento atual, mas que continuará e removerá obstáculos porque é um trabalho com propósito e com alma.

6 - Aprendi que nossa missão no Espaço Educacional é fazer os olhos de crianças, jovens e adultos brilharem para aprender por meio de projetos que trabalhem paralelamente emoção e razão.

7 - Aprendi que tenho uma equipe “forte e alinhada” no Espaço Educacional, que está aqui por opção e que trabalha acreditando em nossa missão: “Educar com competência, criatividade e afetividade”. Muita gratidão!

8 - Aprendi que o Design Thinking é uma metodologia de trabalho com foco na resolução de problemas, de forma inovadora, com ênfase no ser humano e que ela sempre esteve presente no DNA do Espaço Educacional. Gratidão, Gabriel Coelho!

9 - Aprendi que o Projeto Recomeçar cumpriu sua missão neste ano aumentando a autoestima de jovens, que de alguma forma se sentiam excluídos do ambiente escolar na escola regular. 

10 - Aprendi que participar de diferentes projetos que envolvem crianças, jovens, adultos e maturidade me fez conhecer pessoas e expandir minha área de atuação.

11 - Aprendi que vivenciar um TED foi algo extremamente motivador, pois não existe nada mais inspirador do que ouvir histórias de pessoas que acreditam no que fazem e que colocam suas habilidades a serviço de um mundo melhor. Gratidão, Elena Crescia!

12 - Aprendi que a VIDA nos traz parcerias incríveis que nos propiciam crescimento e desenvolvimento como pessoas e profissionais. Gratidão, Andy de Santis!

13 - Aprendi que podemos contar com quem aprendemos juntos e formamos vínculos para construção de um projeto que pode beneficiar um número muito maior de pessoas. Que podemos alçar voo! Gratidão a todos que estão comigo na construção do Projeto de Expansão do Perfil Cognitivo!

14 - Aprendi que fazer foco na crise, no negativo, só alimenta e faz crescer aquilo que estamos criticando. Que fazer o movimento contrário, trabalhar com um novo olhar, nos dá poder e energia para criar e fazer acontecer um novo tempo, uma nova mentalidade, uma maior consciência. Acredito na força, energia e carisma da mulher para fazer tudo isso acontecer e se expandir. Luiza Helena Trajano é a maior líder deste movimento e sou grata por fazer parte do Grupo Mulheres do Brasil!

15 - Aprendi que ser inteligente no século 21 é ter consciência de seu potencial, usar com visão, disciplina e paixão, em benefício de causas e pessoas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Perfil Cognitivo



Conheça o seu Perfil Cognitivo por meio do resultado dos testes oferecidos pelo Espaço Educacional. É um recurso de autoconhecimento que nos ajuda a ter uma visão panorâmica de nosso potencial e de nossas fragilidades. A partir do resultado, aprendemos a explorar nossas habilidades, potencializando-as, e a exercitar aquilo que precisamos desenvolver.

Com os estilos de aprendizado, exercitamos a nossa comunicação e nossa forma de aprender, passamos a observar e reconhecer como as pessoas aprendem para conquistar uma comunicação eficiente e uma aprendizagem produtiva. 

Com os estilos de raciocínio ou de comportamento, exercitamos nossa capacidade para resolver problemas com inteligência emocional, ou seja, acessar o hemisfério cerebral esquerdo para enxergar a realidade e o hemisfério cerebral direito para ter acesso aos nossos sentimentos e, assim, agirmos alinhados com nossas convicções. A busca do equilíbrio entre razão e emoção é um processo que nos acompanha a vida toda e que nos auxilia a fazer escolhas.

Com as inteligências múltiplas, descobrimos nossas áreas de interesse, onde se localizam nossas habilidades e talentos. Uma nova concepção do que é ser inteligente surge e tem muito a ver com as exigências do século XXI. As inteligências múltiplas podem ser utilizadas como um recurso que nos agrega muitos benefícios, como aliar vocação com profissão, descobrir canais saudáveis para liberar o estresse e estimular a criatividade.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Ensinar a cuidar do que é seu também é dar educação financeira



O tema desta semana é educação financeira. Compartilhamos as excelentes dicas de Andy de Santis, autora do livro "Lições de Valor", publicadas no blog da Editora Moderna:

À medida que cresce e se desenvolve, aumenta o contato da criança com objetos de uso pessoal e coletivo. Brinquedos, uniformes, materiais escolares, carteiras, aparelhos odontológicos, smartphones, instrumentos musicais, livros, mesas de estudo, cadeiras, jardins, lixeiras serão elementos presentes na vida escolar e oferecem grandes oportunidades de trabalhar a questão da educação financeira. 

Ainda não encontrei pesquisas a respeito, mas desconfio que a criança que não aprendeu desde cedo a cuidar dos pertences pessoais e coletivos terá menos chance de construir uma vida financeira equilibrada no futuro. O raciocínio parte de três pressupostos, o primeiro mais simples e imediato: tudo à nossa volta custa dinheiro. Quando perdemos ou quebramos algo que precisa de conserto ou reposição, isso resulta em prejuízo que poderia ter sido evitado se houvesse mais atenção ou cuidado.

A segunda premissa diz respeito à forma como pais e professores educam as crianças a assumirem gradativamente a responsabilidade por cuidar de seus pertences. Alguns adultos fazem tudo pela criança, ‘liberando-a’ de cuidar de sua higiene, seus objetos e seus animais de estimação, afinal “ela é muito nova para ter responsabilidades”. É importante lembrar que a responsabilidade é um valor a ser ensinado e quando não há espaço para exercê-la, a criança simplesmente não irá desenvolvê-la. Como não aprendeu a tomar conta do que é seu (e consequentemente do que é de todos), esse adulto poderá culpar o chefe, o governo, a esposa e até o clima pela falta de dinheiro, de água ou pelos imprevistos que surgirem no caminho. Será que uma pessoa nessa posição de ‘vítima’ terá disposição e disciplina para controlar seu orçamento e fazer uma reserva para imprevistos? Tenho minhas dúvidas.

O terceiro aspecto está ligado à reação dos adultos quando algo que pertence à criança é perdido ou quebrado. É muito doloroso ver sua expressão de choro e frustração, o que nos faz correr para acalmar a criança e devolver a ela sua alegria e bem-estar. Por outro lado, lidar com as consequências da sua falta de atenção é uma lição de valor fundamental para que as crianças aprendam atitudes de prevenção, precaução e cuidado com seus pertences e com tudo que representa o patrimônio material ou cultural construído pelo homem, assim como o patrimônio natural disponível para a sobrevivência de todos nós. Futuramente, será mais fácil ensinar a esse adulto a importância de proteger o patrimônio da família, prevenir imprevistos, planejar e calcular seus riscos, pois ele saberá desde cedo as consequências da falta de cuidado.

Aqui vão algumas dicas para estimular o senso responsabilidade da criança e do jovem.

Delegue responsabilidades na medida certa

É saudável delegar à criança algumas responsabilidades ao seu alcance, como cuidar de seus brinquedos, organizar o quarto, administrar sua mesada, ajudar nas tarefas domésticas e escolares, organizar seus materiais, apontar seus lápis e cuidar do ambiente em sala de aula. 

Convide a criança a tomar decisões

Convidá-la a decidir coletivamente sobre um passeio da escola ou sobre o tema da peça de final de ano, deixá-la assumir alguns riscos e lidar com as consequências das decisões tomadas terá efeito pedagógico importante no desenvolvimento de sua responsabilidade. 

Não elimine ou tente compensar frustrações

Se ela quebrar ou perder algo, tirar notas baixas, esquecer um compromisso ou gastar todo seu dinheiro, não reponha imediatamente nem tente compensar a frustração com presentes ou doces. Acolha e ampare sua tristeza, mas aproveite a oportunidade como lição para lembrá-la da importância de ser responsável por seus pertences e tarefas. 

Incentive-a a preservar o que é de todos

Lixeiras, bancos, carteiras da escola, jardins, praças, estátuas, ruas e canteiros da cidade devem ser preservados e cuidados por todos nós. Quanto antes a consciência das crianças e jovens for chamada para a importância dessa preservação, menos recursos privados ou públicos precisarão ser gastos com a manutenção deste patrimônio.

Andy de Santis é autora do livro Lições de Valor

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"É preciso educar os educadores"



O antropólogo, sociólogo e filósofo Edgar Morin criticou o modelo de ensino ocidental de ensino e disse que o professor tem uma missão social e, por isso, "é preciso educar os educadores". Confira a entrevista do pensador francês para o jornal O Globo:

O Globo: Na sua opinião, como seria o modelo ideal de educação?
Edgar Morin: A figura do professor é determinante para a consolidação de um modelo “ideal" de educação. Através da Internet, os alunos podem ter acesso a todo o tipo de conhecimento sem a presença de um professor. Então eu pergunto, o que faz necessária a presença de um professor? Ele deve ser o regente da orquestra, observar o fluxo desses conhecimentos e elucidar as dúvidas dos alunos. Por exemplo, quando um professor passa uma lição a um aluno, que vai buscar uma resposta na Internet, ele deve posteriormente corrigir os erros cometidos, criticar o conteúdo pesquisado.

É preciso desenvolver o senso crítico dos alunos. O papel do professor precisa passar por uma transformação, já que a criança não aprende apenas com os amigos, a família, a escola. Outro ponto importante: é necessário criar meios de transmissão do conhecimento a serviço da curiosidade dos alunos. O modelo de educação, sobretudo, não pode ignorar a curiosidade das crianças.

O Globo: Quais são os maiores problemas do modelo de ensino atual?
Edgar Morin: O modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é aquele que separa os conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é o que vemos na natureza. No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os conhecimentos são interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele é apenas transmitido pelos educadores, o que é um reducionismo. O conhecimento complexo evita o erro, que é cometido, por exemplo, quando um aluno escolhe mal a sua carreira. Por isso eu digo que a educação precisa fornecer subsídios ao ser humano, que precisa lutar contra o erro e a ilusão.

O Globo: O senhor pode explicar melhor esse conceito de conhecimento?
Edgar Morin: Vamos pensar em um conhecimento mais simples, a nossa percepção visual. Eu vejo as pessoas que estão comigo, essa visão é uma percepção da realidade, que é uma tradução de todos os estímulos que chegam à nossa retina. Por que essa visão é uma fotografia? As pessoas que estão longe são pequenas, e vice-versa. E essa visão é reconstruída de forma a reconhecermos essa alteração da realidade, já que todas as pessoas apresentam um tamanho similar.

Todo conhecimento é uma tradução, que é seguido de uma reconstrução, e ambos os processos oferecem o risco do erro. Existe outro ponto vital que não é abordado pelo ensino: a compreensão humana. O grande problema da humanidade é que todos nós somos idênticos e diferentes, e precisamos lidar com essas duas ideias que não são compatíveis. A crise no ensino surge por conta da ausência dessas matérias que são importantes ao viver. Ensinamos apenas o aluno a ser um indivíduo adaptado à sociedade, mas ele também precisa se adaptar aos fatos e a si mesmo.

O Globo: O que é a transdisciplinaridade, que defende a unidade do conhecimento?
Edgar Morin: As disciplinas fechadas impedem a compreensão dos problemas do mundo. A transdisciplinaridade, na minha opinião, é o que possibilita, através das disciplinas, a transmissão de uma visão de mundo mais complexa. O meu livro “O homem e a morte" é tipicamente transdisciplinar, pois busco entender as diferentes reações humanas diante da morte através dos conhecimentos da pré-história, da psicologia, da religião. Eu precisei fazer uma viagem por todas as doenças sociais e humanas, e recorri aos saberes de áreas do conhecimento, como psicanálise e biologia.

O Globo: Como a associação entre a razão e a afetividade pode ser aplicada no sistema educacional?
Edgar Morin: É preciso estabelecer um jogo dialético entre razão e emoção. Descobriu-se que a razão pura não existe. Um matemático precisa ter paixão pela matemática. Não podemos abandonar a razão, o sentimento deve ser submetido a um controle racional. O economista, muitas vezes, só trabalha através do cálculo, que é um complemento cego ao sentimento humano. Ao não levar em consideração as emoções dos seres humanos, um economista opera apenas cálculos cegos. Essa postura explica em boa parte a crise econômica que a Europa está vivendo atualmente.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A milenar arte de educar dos povos indígenas



Confira a análise publicada no site Conti Outra sobre a milenar arte de educar dos povos indígenas. O texto é de Daniel Munduruku, graduado em filosofia, história e psicologia, doutor em educação e escritor premiado da etnia Munduruku:

Educar é dar sentido. É dar sentido ao nosso estar no mundo. Nossos corpos precisam desse sentido para se realizar plenamente. Mas também nossos corpos são vazios de imagens e elas precisam fazer parte da nossa mente para possamos dar respostas ao que se nos apresenta diuturnamente como desafios da existência. É por isso que não basta dar alimento apenas ao corpo, é preciso também alimentar a alma, o espírito. Sem comida o corpo enfraquece e sem sentido é a alma que se entrega ao vazio da existência.

A educação tradicional entre os povos indígenas se preocupa com esta tríplice necessidade: do corpo, da mente e do espírito. É uma preocupação que entende o corpo como algo prenhe de necessidades para poder se manter vivo.

Esta visão de educação é sustentada pela idéia de que cada ser humano precisa viver intensamente seu momento. A criança indígena é, então, provocada para ser radicalmente criança. Não se pergunta nunca a ela o que pretende ser quando crescer. Ela sabe que nada será se não viver plenamente seu ser infantil. Nada será por que já é. Não precisará esperar crescer para ser alguém. Para ela é apresentado o desafio de viver plenamente seu ser infantil para que depois, quando estiver vivendo outra fase da vida, não se sinta vazia de infância. A ela são oferecidas atividades educativas para que aprenda enquanto brinca e brinque enquanto aprende num processo contínuo que irá fazê-la perceber que tudo faz parte de uma grande teia que se une ao infinito.

Num mesmo movimento ela vai sendo introduzida no universo espiritual. Embalada pelas histórias contadas pelos velhos da aldeia, a criança e o jovem passam a perceber que em seu corpo moram os sentidos da existência. Este sentido é oferecido pela memória ancestral concentrada nos velhos contadores de histórias. São eles que atualizam o passado e o fazem se encontrar com o presente mostrando à comunidade a presença do saber imemorial capaz de dar sentido ao estar no mundo. 

Este processo todo é alimentado por rituais que lembram o passado para significar o presente. São movimentos corpóreos embalados por cantos e danças repetidos muitas vezes com o objetivo de “manter o céu suspenso”. A dança lembra a necessidade de sermos gratos aos espíritos criadores; contam que precisamos de sentidos para viver dignamente; ordena a existência. Cada grupo de idade ritualiza a seu modo. Cada um se sente responsável pelo todo, pela unidade, pela continuidade social.

Educar é, portanto, envolver. É revelar. É significar. É mostrar os sentidos da existência. É dar presente. E não acaba quando a pessoa se “forma”. Não existe formatura. Quem vive o presente está sempre em processo.

É por isso que a criança será sempre criança. Plenamente criança. Essa é a garantia de que o jovem será jovem no seu momento. O homem adulto viverá sua fase de vida sem saudades da infância, pois ele a viveu plenamente. O mesmo diga-se dos velhos. O que cada um traz dentro de si é a alegria e as dores que viveram em cada momento. Isso não se apaga de dentro deles, mas é o que os mantém ligados ao agora.

Resumo da ópera: A educação tradicional indígena tem dado certo. As pessoas se sentem completas quando percebem que a completude só é possível num contexto social, coletivo. Cada fase porque passa um indígena – desde a mais tenra idade – alimenta um olhar para o todo, pois o conhecimento que aprendem e vivem é um saber holístico que não se desdobra em mil especialidades, mas compreende o humano como uma unidade integrada a um Todo maior e Único.

Olhar os povos indígenas brasileiros a partir de uma visão rasa de produção, de consumo, de riqueza e pobreza é, no mínimo, esvaziar os sentidos que buscam para si.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Didática do Afeto



Em entrevista à revista Época, o psiquiatra chileno Claudio Naranjo disse que investir numa didática afetiva é a saída para estimular o autoconhecimento dos alunos e formar seres autônomos e saudáveis. Confira o texto publicado na revista:

ÉPOCA – O senhor é psiquiatra e desenvolveu teorias importantes em estudos de personalidade. Hoje trabalha exclusivamente com educação. Por que resolveu se dedicar a esse tema?

Claudio Naranjo – Meu interesse se voltou para a educação porque me interesso pelo estado do mundo. Se queremos mudar o mundo, temos de investir em educação. Não mudaremos a economia, porque ela representa o poder que quer manter tudo como está. Não mudaremos o mundo militar. Também não mudaremos o mundo por meio da diplomacia, como querem as Nações Unidas – sem êxito. Para ter um mundo melhor, temos de mudar a consciência humana. Por isso me interesso pela educação. É mais fácil mudar a consciência dos mais jovens.

ÉPOCA – Quais os problemas do modelo educacional atual na opinião do senhor?

Naranjo – Temos um sistema que instrui e usa de forma fraudulenta a palavra educação para designar o que é apenas a transmissão de informações. É um programa que rouba a infância e a juventude das pessoas, ocupando-as com um conteúdo pesado, transmitido de maneira catedrática e inadequada. O aluno passa horas ouvindo, inerte, como funciona o intestino de um animal, como é a flora num local distante e os nomes dos afluentes de um grande rio. É uma aberração ocupar todo o tempo da criança com informações tão distantes dela, enquanto há tanto conteúdo dentro dela que pode ser usado para que ela se desenvolva. Como esse monte de informações pode ser mais importante que o autoconhecimento de cada um? O nome educação é usado para designar algo que se aproxima de uma lavagem cerebral. É um sistema que quer um rebanho para robotizar. A criança é preparada, por anos, para funcionar num sistema alienante, e não para desenvolver suas potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e espontâneas.

ÉPOCA – Como é possível mudar esse modelo?

Naranjo – Podemos conceber uma educação para a consciência, para o desenvolvimento da mente. Na fundação, criamos um método para a formação de educadores baseado em mais de 40 anos de pesquisas. O objetivo é preparar os professores para que eles se aproximem dos alunos de forma mais afetiva e amorosa, para que sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do autoconhecimento, respeitando suas características pessoais. Comprovamos por meio de pesquisas que esse é o caminho para formar pessoas mais benévolas, solidárias e compassivas. Hoje a educação é despótica e repressiva. É como se educar fosse dizer faça isso e faça aquilo. O treinamento que criamos está entre os programas reconhecidos pelo Fórum Mundial da Educação, do qual faço parte. Já estive com ministros da Educação de dezenas de países para divulgar a importância dessa abordagem.

ÉPOCA – E qual foi a recepção? 

Naranjo – A palavra amor não tem muita aceitação no mundo da educação. Na poesia, talvez. Na religião, talvez. Mas não na educação. O tema inteligência emocional é um pouco mais disseminado. É usado para que os jovens tomem consciência de suas emoções. É bom que exista para começar, mas não tem um impacto transformador. A inteligência emocional é aceita porque tem o nome inteligência no meio. Tudo o que é intelectual interessa. Não se dá importância ao emocional. Esse aspecto é tratado com preconceito. É um absurdo, porque, quando implementamos uma didática afetuosa, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo. Os ministros da Educação me recebem muito bem. Eles concordam com meu ponto de vista, mas na prática não fazem nada. Pode ser que isso ocorra por causa da própria inércia do sistema. O ministro é como um visitante que passa pelos ministérios e consegue apenas resolver o que é urgente. Ele mesmo não estabelece prioridades. Estou mais esperançoso com o novo ministro da Educação de vocês (Renato Janine Ribeiro). Ele me convidou para jantar, para falarmos sobre minhas ideias. É a primeira vez que a iniciativa parte do lado do governo. Ele é um filósofo, pode fazer alguma diferença.

ÉPOCA – Para quem decidiu ser professor, não seria natural sentir amor, compaixão e vontade de cuidar do aluno?

Naranjo – Uma vez dei uma aula a um grupo de estudantes de pedagogia na Universidade de Brasília. Fiquei muito decepcionado com a falta de interesse. Vendo minha expressão, o coordenador me disse: “Compreenda que eles não escolheram ser educadores. Alguns prefeririam ser motorista de táxi, mas decidiram educar porque ganham um pouco mais e têm um pouco mais de segurança. Estão aqui porque não tiveram condições de se preparar para ser advogados ou engenheiros ou outra profissão que almejassem”. Isso acontece muito em locais em que a educação não é realmente valorizada. Quem chega à escola de educação são os que têm menos talento e menos competência. Não se pode esperar que tenham a vocação pedagógica, de transmitir valores, cuidar e acolher.

ÉPOCA – O senhor diz que o sistema de educação atual desperdiça talentos, rotulando-os com transtornos e distúrbios. Pode explicar melhor esse ponto?

Naranjo – Humberto Maturana, cientista chileno, me contou que a membrana celular não deixa entrar aquilo que ela não precisa. A célula tem um modelo em seus genes e sabe o que necessita para construir-se. Um eletrólito que não lhe servirá não será absorvido. Podemos usar essa metáfora para a educação. As perturbações da educação são uma resposta sã a uma educação insana. As crianças são tachadas como doentes com distúrbios de atenção e de aprendizado, mas em muitos casos trata-se de uma negação sã da mente da criança de não querer aprender o irrelevante. Nossos estudantes não querem que lhe metam coisas na cabeça. O papel do educador é levá-lo a descobrir, refletir, debater e constatar. Para isso, é essencial estimular o autoconhecimento, respeitando as características de cada um. Tudo é mais efetivo quando a criança entende o que faz mais sentido para ela.

ÉPOCA – Por que a educação caminhou para esse modelo?

Naranjo – Isso surgiu no começo da era industrial, como parte da necessidade de formar uma força de trabalho obediente. Foi uma traição ao ideal do pai do capitalismo, Adam Smith, que escreveu A riqueza das nações. Ele era professor de filosofia moral e se interessava muito pelo ser humano. Previu que o sistema criaria uma classe de pessoas dedicadas todos os dias a fazer só um movimento de trabalho, a classe de trabalhadores. Previu que essa repetição produziria a deterioração de suas mentes e advertiu que seria vital dar a eles uma educação que lhes permitisse se desenvolver, como uma forma de evitar a maquinização completa dessas pessoas. Sua mensagem foi ignorada. Desde então, a educação funciona como um grande sistema de seleção empresarial. É usada para que o estudante passe em exames, consiga boas notas, títulos e bons empregos. É uma distorção do papel essencial que a educação deveria ter.

ÉPOCA – Há algo que os pais possam fazer?

Naranjo – Muitos pais só querem que seus filhos sigam bem na escola e ganhem dinheiro. Acho que os pais podem começar a refletir sobre o fato de que a educação não pode se ocupar só do intelecto, mas deve formar pessoas mais solidárias, sensíveis ao outro, com o lado materno da natureza menos eclipsado pelo aspecto paterno violento e exigente. A Unesco define educar como ensinar a criança a ser. As Constituições dos países, em geral, asseguram a liberdade de expressão aos adultos, mas não falam das crianças. São elas que mais necessitam dessa liberdade para se desenvolver como pessoas sãs, capazes de saber o que sentem e de se expressar. Se os pais se derem conta disso, teremos uma grande ajuda. Eles têm muito poder de mudança.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Empreendedor de 86 anos cria jogo para estimular o aprendizado da tabuada
O X da Questão surgiu há três anos e agora o projeto é acelerado pelo Seed, de Minas Gerais
Por Fabiano Cândido com Marina Salles 

Nos fundos de casa, Garcia mantém uma máquina de serigrafia montada para imprimir os jogos manualmente.

Nunca é tarde para empreender. E o marceneiro aposentado Hermenegildo Garcia, 86 anos, prova isso na prática, diariamente. Há três anos, ele criou um jogo para facilitar o aprendizado da tabuada entre crianças, chamado de O X da Questão. O sucesso na empreitada foi tanto que agora ele tem planos de lançar outro jogo para ajudar na alfabetização infantil.

Garcia começou a projetar o jogo nos fundos de casa, para ocupar a cabeça. No local, ainda estão as primeiras edições do jogo, espalhadas em mesas. O X da Questão é composto por peças, um tabuleiro e fichas para calcular e preencher pontos. Os primeiros jogos eram feitos manualmente e levavam um dia para ficar prontos.

Ao abrir a peça, a criança vê a operação de multiplicação, enquanto seus amigos memorizam o resultado da conta.

Para o empreendedor, foi essa mão de obra para produzir os joguinhos que impulsionou a empresa. Aconselhado pelo filho e sócio, Fábio Garcia, 51 anos, que é designer e publicitário, ele procurou o programa de aceleração do Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development), do governo de Minas Gerais. A ideia era aproveitar o potencial do jogo e levá-lo ao mercado. Em novembro de 2013, o projeto foi aprovado pela aceleradora e ganhou outra cara.

Para entrar no programa, Fábio ajudou o pai a apresentar a proposta do jogo e modelá-lo para a produção em larga escala, com impressão em gráfica. Os dois também precisaram dar uma base tecnológica à iniciativa. Da exigência, surgiu a Decoreba, personagem em realidade aumentada. O processo ocorreu dias antes de ele inscrever O X da Questão na primeira rodada de investimentos promovida pelo Seed, no ano passado.

Pensada para interagir com o público infantil em smartphones, tablets ou computadores, a Decoreba tem a função de estimular o aprendizado a partir de algumas reações. Quando a criança acerta a resposta da operação matemática, ela fica brava; quando erra, a Decoreba ganha pontos.

Fábio se mudou para uma república de estudantes em Belo Horizonte para acelerar a empresa criada pelo pai.

Garcia está feliz com o progresso de sua ideia e quer priorizar o acesso ao jogo, incentivando o aprendizado da matemática. “Trabalhamos com a oferta ‘compre um, doe um’, para aumentar o alcance da iniciativa e permitir que os jogos cheguem a comunidades carentes”.

Além dessa proposta, a startup envia com os jogos um tutorial de como realizar o Dia da Tabuada. Fábio diz que a ideia é que os jogos não fiquem guardados “juntando pó nas escolas”. Com essa mobilização, é possível chamar a atenção das crianças para O X da Questão e realizar dinâmicas que integrem alunos e professores. O jogo já tem uma versão em braile e os empreendedores esperam que o uso do aplicativo com sons facilite a interação das crianças cegas com os colegas.

A equipe de O X da Questão também tem a parceria do analista de marketing Guilherme Fuzatto e do programador Dirceu Silva que, junto com o time, buscam investimento para desenvolver o aplicativo da Decoreba e possibilitar a impressão do jogo em escala. Hoje, cada unidade sai por R$ 25, o que não gera uma receita significativa, levando-se em consideração os custos de impressão e o projeto “compre um, doe um”.



História

Neto de espanhóis, Garcia nasceu em um sítio em Mogi das Cruzes (SP) e cursou o ensino fundamental até a quarta série. Na escola, ele diz que não foi fácil aprender a tabuada. “Se errasse, a professora mandava copiar mil vezes.” Criar os jogos foi a forma que o empreendedor encontrou de se manter ativo e lutar contra os obstáculos da vida – ele sofreu um acidente doméstico e perdeu a visão de um dos olhos, teve câncer de próstata e mantém sob controle problemas de coração, mas não perde o bom humor. “Arrumei uma coisa para me ocupar, porque acho que a pessoa não deve parar nunca. O jogo tem sido meu passatempo.” Casado três vezes, ele tem oito netos, com quem divide os prazeres de testar cada nova ideia para o jogo. “Isso quando eles não tem preguiça”, brinca.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Estamos Enlouquecendo Nossas Crianças!
Estímulos Demais...Concentração de Menos
31 MAIO 2015 em Bem-estar, filhos

Vivemos tempos frenéticos. A cada década que passa o modo de vida de 10 anos atrás parece ficar mais distante: 10 anos viraram 30, e logo teremos a sensação de ter se passado 50 anos a cada 5. E o mundo infantil foi atingido em cheio por essas mudanças: já não se educa (ou brinca, alimenta, veste, entretêm, cuida, consola, protege, ampara e satisfaz) crianças como antigamente!
O iPad, por exemplo, já é companheiro imprescindível nas refeições de milhares de crianças.Em muitas casas a(s) TV(s) fica(m) ligada(s) o tempo todo na programação infantil – naqueles canais cujo volume aumenta consideravelmente durante os comerciais – mesmo quando elas estão comendo com o iPad à mesa.
Muitas e muitas crianças têm atividades extra curriculares pelo menos três vezes por semana, algumas somam mais de 50 horas semanais de atividades, entre escola, cursos, esportes e reforços escolares.
Existe em quase todas as casas uma profusão de brinquedos, aparelhos, recursos e pessoas disponíveis o tempo todo para garantir que a criança “aprenda coisas” e não “morra de tédio”.As pré escolas têm o mesmo método de ensino dos cursos pré vestibulares.
Tudo está sendo feito para que, no final, possamos ocupar, aproveitar, espremer, sugar, potencializar, otimizar e, finalmente, capitalizar todo o tempo disponível para impor às nossas crianças uma preparação praticamente militar, visando seu “sucesso”. O ar nas casas onde essa preocupação é latente chega a ser denso, tamanha a pressão que as crianças sofrem por desenvolver uma boa competitividade.
Porém, o excesso de estímulos sonoros, visuais, físicos e informativos impedem que a criança organize seus pensamentos e atitudes, de verdade: fica tudo muito confuso e nebuloso, e as próprias informações se misturam fazendo com que a criança mal saiba descrever o que acabou de ouvir, ver ou fazer.
Além disso, aptidões que devem ser estimuladas estão sendo deixadas de lado:
·       Crianças não sabem conversar
·       Não olham nos olhos de seus interlocutores
·       Não conseguem focar em uma brincadeira ou atividade de cada vez (na verdade a maioria sequer sabe brincar sem a orientação de um adulto!)
·       Não conseguem ler um livro, por menor que seja.
·       Não aceitam regras
·       Não sabem o que é autoridade.
·       Pior e principalmente: não sabem esperar.
Todas essas qualidades são fundamentais na construção de um ser humano íntegro, independente e pleno, e devem ser aprendidas em casa, em suas rotinas.
Precisamos pausar. Parar e olhar em volta. Colocar a mão na consciência, tirá-la um pouco da carteira, do telefone e do volante: estamos enlouquecendo nossas crianças, e as estamos impedindo de entender e saber lidar com seus tempos, seus desejos, suas qualidades e talentos.
Estamos roubando o tempo precioso que nossos filhos tanto precisam para processar a quantidade enorme de informações e estímulos que nós e o mundo estamos lhes dando.
E já que resvalamos o assunto para a leitura: nossas crianças não lêem mais. Muitos livros infantis estão disponíveis para tablets e iPads, cuja resposta é imediata ao menor estímulo e descaracteriza a principal função do livro: parar para ler, para fazer a mente respirar, aprender a juntar uma palavra com outra, paulatinamente formando frases e sentenças, e, finalmente, concluir um raciocínio ou uma estória.
Cerquem suas crianças de livros e leiam com elas, por amor. Deixem que se esparramem em almofadas e façam sua imaginação voar!

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Projeto Alimentação Passarinhos

Este projeto foi construído pelos alunos do Projeto Recomeçar, Gabriel Picirillo e Christian Burmaian  com os professores Cristiane Mageika e Marcos Oliveira.

Jardim do Espaço Educacional


Gabriel Picirillo e Christian Burmaian



 Christian Burmaian


terça-feira, 26 de maio de 2015

Depoimento de Daniel Larusso

Há 14 anos, quando eu me mudei pra Floripa, eu estava no ensino médio e achava que a escola ia me preparar pro futuro.

Eu estava errado.

Eu sempre tive um desejo interno enorme por mais liberdade e autonomia. E a escola queria me ensinar controle e obediência.

Estudei muito no Colégio Catarinense para passar no vestibular da UFSC e nunca mais precisar tocar num livro de química. Eu só queria me livrar da escola.

Então eu passei no vestibular, sai da escola e fui pra faculdade.

Eu queria escolher o que eu ia aprender. Achei que isso ia acontecer na universidade.

Eu estava errado.

Depois de uns 5 anos acordando cedo, respondendo chamadas e entregando trabalhos eu descobri que o que eu queria da vida estava fora daqueles limites.

Eu me formei, sai da faculdade e fui trabalhar.

Talvez trabalhando eu poderia, finalmente, fazer algo incrível e viver uma vida que valesse a pena.

Mas eu descobri que o emprego era a maior prisão na qual eu podia me meter.

Eu estava errado de novo.

Eu fiquei um ano me demitindo, saí do trabalho e fui empreender.

O sistema de educação passou anos me ensinando que eu deveria estar certo. E que era muito errado estar errado.

Mas eu descobri que era isso que estava errado.

Foi só depois de olhar pra mim mesmo e empreender que descobri que errar é okay.

Aprendi que somente eu mesmo podia me preparar para o futuro, errando e lidando com isso.

O verdadeiro aprendizado não está numa escola, numa faculdade, num curso. Está em mim mesmo.

Desde 2011 eu tenho empreendido. Nunca na minha vida eu aprendi tanto.

Estou lidando diariamente com as minhas limitações, meus medos e vivendo a vida que eu quero viver ao construir as soluções que eu quero ver no mundo.

Primeiro, eu quis um jeito de aprender e ensinar qualquer coisa em qualquer lugar, e assim nasceu o Nós.vc. Uma plataforma de aprendizado colaborativo e presencial.

Depois, criei com meus amigos a escola que eu gostaria de ter tido. E nasceu o Estaleiro Liberdade, uma escola pirata de empreendedorismo através do autoconhecimento, que acontece em Porto Alegre e São Paulo, onde moro.

Mais recentemente, eu quis encontrar um jeito mais rápido e leve de lançar um projeto. E assim nasceu o LAUNCH!, um programa pra transformar ideia em ação, em um mês.

Essa trajetória me transformou.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Avaliação deve reforçar potencialidades e sucessos



A avaliação nas escolas deveria ter o propósito de promover a transformação e um evento em São Paulo terá palestra sobre um novo modelo, que prevê envolvimento de alunos, pais, professores e supervisores. Confira detalhes publicados no site do Porvir

No contexto educacional, a avaliação tem – ou pelo menos deveria ter – o propósito de promover a transformação. Em vez de registrar dificuldades e fracassos, o objetivo deve ser estimular a criatividade, investir no aperfeiçoamento contínuo e provocar o envolvimento de alunos, pais, professores e supervisores, que devem ser ouvidos e ter suas opiniões consideradas. Esse novo modelo é chamado de avaliação apreciativa e será tema da palestra de “A Avaliação como Fonte de Informação, Problematização e Ressignificação do Processo Educativo”, da consultora Thereza Penna Firme, durante a Bett Brasil Educar 2015, maior evento de educação da América Latina, que será realizado entre os dias 20 e 23 em São Paulo.

Segundo a consultora em avaliação e doutora em educação e psicologia da criança e do adolescente pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, esse novo modelo é um modo humanizante de se olhar o processo avaliativo, que reforça potencialidades e sucessos. Para ela, ênfase na direção positiva não elimina a percepção dos aspectos negativos. Não se trata de ignorar os problemas, mas de descobrir as potencialidades do aluno, respeitar a sua autoestima e dar a ele a oportunidade de reconhecer seus acertos para, dessa forma, ter condições de enfrentar suas falhas e pontos de dificuldade. “A hierarquia deve ser primeiro diagnosticar o que está dando certo, ou seja, descobrir a realidade no seu lado mais promissor, e depois o que precisa ser corrigido. É essa a avaliação que transforma, por perder o caráter repressivo e ir além do quantitativo. É a substituição da avaliação de ‘pontos’ pela avaliação de ‘ponta’”, diz.

A ideia desse modelo é promover o diálogo nessa etapa de transição, em que há a preocupação de tornar a avaliação mais moderna, democrática e participativa, impregnada pelo respeito ao avaliado e com a possibilidade de uma troca de papeis, em que o avaliador também se torna avaliado e vice-versa. “Nessa perspectiva, a questão crucial é descobrir o que é preciso fazer para criar e desenvolver avaliações que sejam realmente utilizadas para reduzir incertezas, melhorar a efetividade e tomar decisões relevantes”, explica Thereza.

Há um consenso entre especialistas da área em relação aos padrões de excelência para a avaliação no século 21, definidos de acordo com critérios como utilidade, o que significa que uma avaliação não deverá ser realizada se não for útil para tomadas de decisões; viabilidade, segundo o qual ela terá que ser conduzida de forma prática e efetiva, com linguagem clara e direta; ética, no respeito aos indivíduos ou instituições, sem formular juízo se não houver a informação mais completa sobre o contexto e as condições em que será realizada; precisão, com garantias de que a metodologia utilizada é a mais adequada ao que está sendo avaliado; e prestação de contas, em que há transparência no processo, com explicações claras sobre como será feita a avaliação e quais critérios serão utilizados.

Porém, para que esses padrões sejam efetivos, é importante entender qual é o mérito ou qualidade do processo avaliativo e se ele irá provocar algum resultado, defende a consultora. Primeiramente, a avaliação deve ser entendida de fato como um processo, e não como um evento do calendário escolar. Para avaliar o aluno, o professor precisa antes se perguntar como foram as aulas, em que condições o estudante foi ensinado, se houve algo digno de nota na classe ou no ambiente familiar do aluno que poderia influenciar o processo. Ou seja, houve condições para o aprendizado? Nesse sentido, torna-se imprescindível não só a autoavaliação do próprio professor e o feedback dado por superiores, colegas e alunos, mas também a capacitação do avaliador.

Esse tipo de formação ainda é um grande desafio no Brasil, de acordo com Thereza. “Trabalha-se a didática do professor, o como ensinar, mas não o como avaliar. Em geral, o professor avalia da mesma forma como ele foi avaliado quando aluno, mas os paradigmas mudaram. É preciso não só capacitar os profissionais para realizar avaliações dentro do modelo apreciativo, mas também tirar preconceitos e rótulos.” Um deles, segundo a especialista, é em relação à promoção do aluno. “A repetência, comprovadamente, não melhora o aprendizado. Deixar o aluno com dificuldades e reprová-lo, mesmo com boas intenções, não adianta nada. O ideal é avaliar tão bem que não seja necessário reprovar.”

Isso quer dizer que, se o processo avaliativo ao longo do ano letivo for feito de forma a identificar potencialidades e pontos a serem aprimorados, o professor pode investir no reforço do conteúdo, na variação do método de ensino, na análise do contexto de aprendizagem e na motivação do aluno para, dessa forma, alcançar bons resultados. Com isso, muda-se o conceito de avaliação do classificatório para o promocional. “Um bom professor de ensino básico conhece a sua disciplina em todas as séries, não só na que ministra aulas atualmente. Por saber a continuidade da matéria, ele tem condições de antecipar as dificuldades do aluno e ajudá-lo na trajetória para a próxima série“, afirma Thereza, acrescentando que a participação da família nesse processo é fundamental, especialmente quando ela ainda acredita que a reprovação é a melhor saída.

As novas tecnologias podem ser boas aliadas nesse esforço, por estarem inseridas no dia a dia do aluno e ajudarem a promover o engajamento necessário. Para a especialista, o professor deve lançar mão de qualquer recurso que assegure uma avaliação de qualidade e que simplifique e agilize os processos, seja utilizando computadores, tablets, smartphones ou outras ferramentas, desde que eles agreguem e não substituam o diálogo e a relação interpessoal entre aluno e professor. “Essa interação é fundamental e pode ser potencializada pelo uso da tecnologia se o profissional souber utilizá-la, inclusive não só limitando a sua aplicação, mas também respeitando o uso desses dispositivos pelos alunos. A tecnologia é ótima, desde que se saiba quando ligá-la e desligá-la”, finaliza.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Projeto Horta Vertical



O objetivo da atividade é os alunos aprenderem a construir um projeto passando por todas as etapas até a conclusão. Essa é uma educação para a vida. Os participantes do "Projeto Horta Vertical" são a professora Fernanda Aguiar e os alunos Gabriel Piccirillo e Christian Burmaian.
A experiência é nova para alunos e professores, que antes não trabalhavam assim. É ensinar e aprender juntos. O tema do projeto é escolhido por eles, sendo que optaram por manjericão para a horta porque pretendem fazer um macarrão ao pesto com o alimento que plantaram. 

O próximo projeto será a fabricação de um repelente natural contra mosquitos por causa da dengue, para ser usado pelas pessoas do Espaço Educacional.

Etapas do projeto:

1 - Pesquisar na internet sobre o assunto;

2 - Providenciar material: reaproveitar (garrafa PET, fios de mouse velhos, reforço emborrachado, pedaço de madeira) e comprar (terra, sementes, fósforos);


3 - Experimentar com o material que tínhamos (sucata) como faríamos;

4 - Construir, improvisando técnicas para substituir as ferramentas e materiais que não tínhamos para furar as garrafas PET, para serrar a madeira e furá-la;


5 - Plantar;


6 - Pintar a madeira;

7 - Regar;

8 - Pendurar (colocar pregos na parede, em um local ensolarado);

9 - Cuidar (todos os dias): de manhã, colocar ao sol; na hora do almoço, recolher e colocar na sombra/regar.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Espaço Educacional e Descobrindo o Sonho Jovem, uma parceria de sucesso


Confira detalhes da parceria entre o Espaço Educacional e o Descobrindo o Sonho Jovem. O texto é da Jamile Coelho, diretora do EE:

O Descobrindo o Sonho Jovem (DSJ) foi criado por Gustavo Torres e João Araujo, de apenas 17 anos, que tiveram a iniciativa de construir um projeto para mobilizar jovens que estudavam com eles numa escola pública do Capão Redondo e mostrar que é possível acreditar em seus sonhos e lutar para realizá-los. A iniciativa começou com encontros e várias ferramentas de autoconhecimento que eu pude ajudá-los a aperfeiçoar. 

Tive a oportunidade de conhecer o Gustavo em um evento do Ismart e me ofereci para fazer o seu Perfil Cognitivo, que dá um mapa do potencial das pessoas. Aí ele me pediu que fizesse o do João também, pois eles haviam construído o DSJ juntos. Fiz o perfil cognitivo do João e um estudo comparativo dos dois, que mostrou o quanto se complementam. Está aí uma parceria de sucesso que acredito muito e que quero ajudar a potencializar!

Em seguida, participei do Design Thinking Weekend do Gabriel Coelho e levei junto comigo esses jovens que tiveram uma participação ímpar! Eles aprendem e imediatamente já colocam em prática! E assim, levaram essa prática do design thinking para o DSJ.

É impressionante como me sensibiliza ver a liderança de jovens da geração Z que já apresentam consciência social e capacidade de viver em rede, exercitando o espírito de colaboração e inclusão de forma tão natural e espontânea. É só acessar o que já existe dentro deles. E, eles fazem isso de forma muito eficaz!

No inicio do ano, Gustavo e João me perguntaram se podia aplicar o teste do Perfil Cognitivo nos jovens do DSJ. E assim nasceu um trabalho que tenho feito, com muito carinho, com o grupo. 

Em fevereiro, fizemos o workshop do Perfil Cognitivo e todos saíram daqui com os olhos brilhando de alegria por se conhecerem melhor e isso já criou uma grande sinergia no grupo. No fechamento do workshop, me pediram uma continuidade com foco em Vocacional.

Agora em abril, realizamos o workshop do Vocacional e percebo o crescimento e a evolução deste grupo de jovens no autoconhecimento e na capacidade para fazer escolhas inteligentes para sua vida.

No próximo mês, o workshop terá como tema Inteligência Emocional e assim tenho o privilégio de participar da formação destes jovens e ajudá-los a escreverem sua história de vida. 



Sou muito grata por chegarem à minha vida oportunidades como esta!

Confira alguns depoimentos dos jovens do DSJ no workshop do Vocacional:



“Até ontem, eu só sabia meu nome. Hoje, descobri o que sou e o que quero ser” - Giselle Fernanda L. de Barros



“Essa experiência é simplesmente fantástica. As etapas pelas quais você passa fazem você se conhecer muito melhor, realmente esclarecedor” - Pedro Henrique dos Santos Kondrat Ferreira



“O dia de hoje esclareceu as minhas dúvidas e reforçou minhas certezas, deixando-me mais confiante em minhas escolhas” - Stephany Caroline Andrade Santos



"O Espaço Educacional me mostrou que eu posso fazer história também, sentir, saber lidar com as emoções” - Lucas Rodrigues de Pinho



"Foi simplesmente mágico! Todas as dúvidas viraram certezas e isso é muito bom” - Matheus dos Reis Bassi



"Valeu cada segundo de autoconhecimento. Só tenho o que agradecer, pois hoje eu sei que os meus erros só me fazem ser melhor” - Julia Oliveira Andrade


"Atividades que tornaram meu dia gratificante e direcionador” - Felipe Brito de Almeida




"Me ajudou com as emoções e a descobrir mais sobre mim” - João Paulo Andrade