Uma reportagem da revista Claudia deste mês fala sobre o crescimento no Brasil do movimento batizado lá fora de slow parenting, que defende a desaceleração da rotina dos filhos para dar a eles tempo para explorar o mundo. Confira dados da publicação e os comentário da pedagoga Jamile Magrin Goulart Coelho, diretora do Espaço Educacional:
Este movimento está desafiando a cultura da velocidade que impede que as experiências sejam vividas em profundidade, que multiplicam atividades em nome da busca por sucesso e que valorizam quantidade e não qualidade na educação.
Hoje, é cada dia mais comum as crianças terem uma agenda de executivos, repleta de atividades extras. Com isso, não sobra tempo para brincar e brincar é explorar o desconhecido, dar forma, cores e sons a sonhos e, com isso, aprender a fazer a nossa leitura do mundo a partir do aprendizado sinestésico, em que utilizamos a maioria dos sentidos.
Até 6 anos de idade, o aprendizado tem que ser lúdico, tem que dar espaço para a criatividade, para a interação juntamente com os limites que incluem atitudes de respeito ao outro, saber esperar a vez, saber ganhar ou perder. O aprendizado sinestésico deveria ocupar quase que 100% do tempo nesta faixa etária e a brincadeira e o prazer em aprender deveriam caminhar de mãos dadas.
"Mas a cobrança por sucesso é cultural e vem de vários lados, de uma sociedade obcecada por perfeição." A busca exagerada por sucesso por parte dos pais e da própria escola vai queimando etapas importantes na vida das crianças. Essa situação acaba associando aprendizado com desmotivação, mata a curiosidade que é o motor da vontade de descobrir como tudo funciona e alimenta o medo do fracasso.
"O problema do exagero de atividades extracurriculares é que deixa a criança cansada e sem foco. O desenvolvimento neurológico sadio depende disso, afirma a neuropsicóloga Adriana Foz, e queimar etapas trará consequências mais adiante."
Um número cada vez mais significativo de crianças e jovens chega ao Espaço Educacional com esse quadro de desmotivação e com problemas como Déficit de Atenção e Hiperatividade e depressão. Esses problemas, segundo a Organização Mundial da Saúde, estão presentes em três a cada 10 jovens, conforme informação da revista Claudia.
Brincar é uma forma de construção do conhecimento sobre o mundo e o processo de aprendizagem nos acompanha a vida toda. O adulto realizado profissionalmente tem uma forte participação da sua "criança" em tudo que faz, pois ela é responsável pela nossa criatividade, pela nossa curiosidade, pela busca da inovação.
Aprender a aprender é nosso desafio constante. Por isso, vamos deixar que as crianças vivam sua infância no seu tempo, no seu ritmo, explorando o mundo à sua volta com curiosidade e encantamento.
5 dicas para desacelerar, segundo Carl Honore, criador do conceito de slow parenting
1- Tente descobrir seu próprio estilo de maternidade e o que funciona melhor para sua família. Não se preocupe com a educação que seus amigos dão para seus filhos;
2 - Quando levar seu filho a um playground, resista a tentação de interferir, afaste-se um pouco e deixe que ele brinque sozinho ou com outras crianças;
3 - Deixe horas livres na semana, sem atividades estruturadas, para que a família simplesmente se reúna para descansar, conversar, jogar, cozinhar ou qualquer outra coisa prazerosa;
4 - Permita que seu filho conte naturalmente como foi seu dia na escola, em vez de exigir um relatório completo assim que ele chegar;
5- Defina períodos do dia em que as crianças devem desligar o computador, se desconectar.
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