Páginas

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

“Estamos sem tempo para refletir”



Daniel Goleman, psicólogo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, afirma que estímulos constantes criaram uma geração sem foco, com dificuldade de desenvolver o raciocínio lógico e criativo. A boa notícia: é possível aprender a se concentrar. Devido à importância do assunto, a a pedagoga Jamile Magrin Goulart Coelho, diretora do Espaço Educacional, apresenta uma síntese e comentários da entrevista concedida pelo profissional à revista Exame (leia a reportagem aqui). Confira: 

Goleman, defende que - num momento em que a tecnologia e o excesso de informação geram distrações a cada minuto – criou-se uma geração sem foco, com dificuldade de desenvolver a capacidade de concentração. Mas, para ele, a atenção é como um músculo que pode ser treinado. E quem consegue chegar lá tem idéias melhores e mais criativas. É o que fazia Bill Gates quando presidia a Microsoft, nos anos 90. Em períodos que chamava de “think weeks” (numa tradução livre, “semanas para pensar”), ele passava uma quinzena numa casa no campo para pensar sem interrupções.


O senhor defende que as pessoas nunca estiveram tão desfocadas. Quais são as consequências?
Estamos sem tempo para refletir. Sem essa pausa não conseguimos digerir o que está acontecendo ao redor. Os circuitos cerebrais usados pela concentração são os mesmos que geram a ansiedade. Quando aumenta o fluxo de distrações, a ansiedade tende a aumentar na mesma proporção. Precisamos ter um momento, no trabalho e na vida, para parar e pensar. Sem concentração, perdemos o controle de nossos pensamentos. Mas o oposto, quando estamos muito atentos (excesso) também é um problema. Nos tornamos vítimas de uma visão restrita e da mente estreita. É preciso dar equilíbrio a isso.



Como escapar dessa armadilha?

Dormir bem ajuda na concentração. Mas o melhor exercício é criar um período em que as interrupções sejam proibidas. Isso significa não ter reuniões, receber ligações, ver e-mails ou ter contato com qualquer outra fonte de distração. No Google, por exemplo, os funcionários têm sido incentivados a parar por alguns minutos durante o dia e prestar atenção na própria respiração. Isso faz com que o circuito do cérebro responsável pela concentração seja ativado. Existem três tipos de foco: o interno, o externo e o empático (voltado para o outro). O interno é a habilidade de se concentrar, apesar do que há ao redor. O externo é a capacidade de análise do ambiente. E o empático é a competência de prestar atenção em alguém. O foco interno é a chave para o profissional se motivar, ter metas, se controlar. O foco externo ajuda na leitura da situação de forma mais ampla. É com ele que conhecemos quem são os competidores, como está o mercado, a economia e quais são as mudanças tecnológicas. A empatia é importante para quem quiser ser um bom líder. Ela é a forma como entendemos e falamos com as pessoas.


Em seu livro, o senhor cita Steve Jobs, fundador da Apple, como alguém com alto poder de foco. Ele praticava meditação, considerada um bom exercício de concentração. Como a prática pode ser útil?

Ao meditar, Jobs entrava no estado de consciência aberta. Experimentos sugerem que estar nesse estado, que é dar atenção a tudo o que está passando na mente, é a fonte dos pensamentos mais criativos. É ir além de reunir informações e ter uma atenção seletiva, num processo que usamos para resolver um problema particular. É liberar o cérebro para fazer as associações acidentais que levam a novas percepções. Artistas e inventores costumam praticar devaneios produtivos.


Como não ceder à tentação de ficar conectado o tempo todo?
Exercitar o foco é importante. Realizar a tarefa e, só depois, ver as notícias ou responder a um e-mail. A melhor forma de fazer isso é dando recompensas. Você só pode acessar um site que deseja depois de terminar determinada atividade que planejou.



No livro, o senhor diz que profissionais que atuam em áreas de que gostam têm mais poder de foco. Por que isso acontece?

O que precisamos fazer é buscar tarefas mais difíceis. Isso aumenta o poder de foco. E costumamos perseguir espontaneamente isso com mais frequência quando gostamos do que fazemos.


Comentário

Exercitar a capacidade de atenção e concentração é um dos desafios do sec. XXI, principalmente para as novas gerações que usam a tecnologia de forma constante tanto para estudo, trabalho como para o lazer. Buscar novos recursos e estratégias para o desenvolvimento da atenção e concentração de nossos estudantes é uma das metas do Espaço Educacional no ano de 2014.

Achei bastante interessante este artigo com a entrevista de Daniel Goleman. Ele mostra um enfoque diferente para desenvolver a criatividade a partir da capacidade de concentração. Isso porque a criatividade na maioria das vezes é associada a uma forma não linear de pensamento, a uma tempestade mental (brainstormimg) e não à capacidade de atenção e concentração. 

A atenção e a concentração é um dos itens do aspecto comportamental da proposta pedagógica do Espaço Educacional e a criatividade é um dos pilares da nossa missão: Educar com competência, criatividade e afetividade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário