Daniel Goleman, psicólogo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, afirma que estímulos constantes criaram uma geração sem foco, com dificuldade de desenvolver o raciocínio lógico e criativo. A boa notícia: é possível aprender a se concentrar. Devido à importância do assunto, a a pedagoga Jamile Magrin Goulart Coelho, diretora do Espaço Educacional, apresenta uma síntese e comentários da entrevista concedida pelo profissional à revista Exame (leia a reportagem aqui). Confira:
Goleman, defende que - num momento em que a tecnologia e o excesso de informação geram distrações a cada minuto – criou-se uma geração sem foco, com dificuldade de desenvolver a capacidade de concentração. Mas, para ele, a atenção é como um músculo que pode ser treinado. E quem consegue chegar lá tem idéias melhores e mais criativas. É o que fazia Bill Gates quando presidia a Microsoft, nos anos 90. Em períodos que chamava de “think weeks” (numa tradução livre, “semanas para pensar”), ele passava uma quinzena numa casa no campo para pensar sem interrupções.
O senhor defende que as pessoas nunca estiveram tão desfocadas. Quais são as consequências?
Estamos sem tempo para refletir. Sem essa pausa não conseguimos digerir o que está acontecendo ao redor. Os circuitos cerebrais usados pela concentração são os mesmos que geram a ansiedade. Quando aumenta o fluxo de distrações, a ansiedade tende a aumentar na mesma proporção. Precisamos ter um momento, no trabalho e na vida, para parar e pensar. Sem concentração, perdemos o controle de nossos pensamentos. Mas o oposto, quando estamos muito atentos (excesso) também é um problema. Nos tornamos vítimas de uma visão restrita e da mente estreita. É preciso dar equilíbrio a isso.
Como escapar dessa armadilha?
Dormir bem ajuda na concentração. Mas o melhor exercício é criar um período em que as interrupções sejam proibidas. Isso significa não ter reuniões, receber ligações, ver e-mails ou ter contato com qualquer outra fonte de distração. No Google, por exemplo, os funcionários têm sido incentivados a parar por alguns minutos durante o dia e prestar atenção na própria respiração. Isso faz com que o circuito do cérebro responsável pela concentração seja ativado. Existem três tipos de foco: o interno, o externo e o empático (voltado para o outro). O interno é a habilidade de se concentrar, apesar do que há ao redor. O externo é a capacidade de análise do ambiente. E o empático é a competência de prestar atenção em alguém. O foco interno é a chave para o profissional se motivar, ter metas, se controlar. O foco externo ajuda na leitura da situação de forma mais ampla. É com ele que conhecemos quem são os competidores, como está o mercado, a economia e quais são as mudanças tecnológicas. A empatia é importante para quem quiser ser um bom líder. Ela é a forma como entendemos e falamos com as pessoas.
Em seu livro, o senhor cita Steve Jobs, fundador da Apple, como alguém com alto poder de foco. Ele praticava meditação, considerada um bom exercício de concentração. Como a prática pode ser útil?
Ao meditar, Jobs entrava no estado de consciência aberta. Experimentos sugerem que estar nesse estado, que é dar atenção a tudo o que está passando na mente, é a fonte dos pensamentos mais criativos. É ir além de reunir informações e ter uma atenção seletiva, num processo que usamos para resolver um problema particular. É liberar o cérebro para fazer as associações acidentais que levam a novas percepções. Artistas e inventores costumam praticar devaneios produtivos.
Como não ceder à tentação de ficar conectado o tempo todo?
Exercitar o foco é importante. Realizar a tarefa e, só depois, ver as notícias ou responder a um e-mail. A melhor forma de fazer isso é dando recompensas. Você só pode acessar um site que deseja depois de terminar determinada atividade que planejou.
No livro, o senhor diz que profissionais que atuam em áreas de que gostam têm mais poder de foco. Por que isso acontece?
O que precisamos fazer é buscar tarefas mais difíceis. Isso aumenta o poder de foco. E costumamos perseguir espontaneamente isso com mais frequência quando gostamos do que fazemos.
Comentário
Exercitar a capacidade de atenção e concentração é um dos desafios do sec. XXI, principalmente para as novas gerações que usam a tecnologia de forma constante tanto para estudo, trabalho como para o lazer. Buscar novos recursos e estratégias para o desenvolvimento da atenção e concentração de nossos estudantes é uma das metas do Espaço Educacional no ano de 2014.
Achei bastante interessante este artigo com a entrevista de Daniel Goleman. Ele mostra um enfoque diferente para desenvolver a criatividade a partir da capacidade de concentração. Isso porque a criatividade na maioria das vezes é associada a uma forma não linear de pensamento, a uma tempestade mental (brainstormimg) e não à capacidade de atenção e concentração.
A atenção e a concentração é um dos itens do aspecto comportamental da proposta pedagógica do Espaço Educacional e a criatividade é um dos pilares da nossa missão: Educar com competência, criatividade e afetividade.
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