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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Estudo relaciona atrasos na linguagem a brinquedos eletrônicos



Você deixa seu bebê brincar no celular, tablet ou computador? Cuidado! Um estudo relacionou brinquedos eletrônicos a atrasos na linguagem. Confira detalhes sobre esse ponto negativo da tecnologia no desenvolvimento da criança, no texto publicado no site Catraca Livre:

Os impactos do contato com a tecnologia na primeira infância são diversos e variam de criança para criança e, principalmente, de contexto para contexto. A recomendação da Sociedade Brasileira é que nenhum contato seja permitido até os dois anos, principalmente durante as refeições ou antes de dormir.

Um novo estudo, realizado pela pesquisa Anna V. Sosa e publicado em 2016 no periódico JAMA Pediatrics, associa a relação direta entre a hiperexposição aos brinquedos eletrônicos, como tablets, jogos de celular e computadores, a atrasos de aprendizado e linguagem.

A partir da observação das formas de brincar da criança e dos níveis de interação com os pais, a pesquisa investiga como a relação entre esses dois elementos influenciam a aquisição de linguagem da criança. O estudo aponta que o ambiente de linguagem em que a criança está inserida na Primeira Infância pode influenciar a aquisição da sua fala, além de afetar a leitura e o futuro sucesso acadêmico.

A pesquisa foi realizada em 2016, com 26 famílias e bebês de 10 a 18 meses. Os pesquisadores concluem que a interação com brinquedos eletrônicos esteve associada a redução na qualidade e quantidade de linguagem recebida pela criança, quando comparados com livros e brinquedos tradicionais. Por esse motivo, o estudo conclui que não recomendável incentivar o contato com jogos eletrônicos no momento em que a criança está desenvolvendo a linguagem.

O texto ressalta também a importância do incentivo à leitura nesta fase do desenvolvimento da criança. "Os pais devem ser encorajados a ler para seus filhos e engajá-los em atividades que proporcionem interações reais entre pais e filhos". A pesquisa chama a atenção ainda para o bombardeio excessivo de publicidade dirigida não só às crianças mas também aos pais, que podem ser facilmente iludidos por brinquedos autointitulados educativos que prometem incrementar o desenvolvimento".

Confira um resumo dos principais resultados alcançados:

Para promover o desenvolvimento da linguagem, os pais podem investir tempo para ler para os filhos e brincar junto, olho no olho.

Brincar com livros ou brinquedos tradicionais é melhor do que brincar com eletrônicos, no sentido de promover um nível qualitativo de comunicação entre pais e filhos.

Quando estão brincado com brinquedos eletrônicos, as crianças vocalizam menos, quando comparado ao modo que elas verbalizam e interagem quando estão em contato com brinquedos tradicionais.

Intitulado "Association of the Type of Toy Used During Play With the Quantity and Quality of Parent-Infant Communication" (Em uma tradução livre, "Associação entre o tipo de brinquedo utilizado durante a brincadeira com a quantidade e qualidade da comunicação entre pais e filhos"), o estudo está disponível online e em inglês, para quem quiser se aprofundar na discussão, clique aqui para ler.

*Com informações de Radar da Primeira Infância

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O Despreparo Da Geração Mais Preparada – Por Eliane Brum



Você já ouviu comentários de que as novas gerações estão preparadas em relação às tecnologias e novidades, mas muitas vezes despreparadas para enfrentar dificuldades e problemas típicos do dia a dia? Confira o excelente texto reflexivo sobre o assunto de Eliane Brum, publicado no Portal Raízes e na Revista Época:

“A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por este mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de serem felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens, no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos grandiosos, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender o fato de que na vida há faltas e isso não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Quer conhecer mais sobre o trabalho personalizado do Espaço Educacional? Então, acesse nosso site (www.espacoeducacional.com.br), mande um e-mail (jcoelho@espacoeducacional.com.br) ou ligue para (11) 3846-6785.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

10 tendências de personalização do ensino em 2017



A personalização de ensino é uma das propostas do Espaço Educacional e assunto de diversas discussões e reflexões sobre educação. No texto do site Porvir, publicado originalmente em personalizelearning.com, veja 10 novas ideias para atender às necessidades e interesses de cada aluno sem criar um modelo único que atenda a todos:

1 - Design universal de aprendizagem

Professores precisam entender como alunos acessam a informação, se engajam com o conteúdo e expressam o que sabem ou o que entenderam. 

2 - Inovação e criatividade

professores e alunos vão encorajar a inovação, encarar mais riscos, aprender a partir dos erros e sair da zona de conforto. 

3 - Preparação para o futuro

Alunos usam seus planos de aprendizagem pessoal para explorar o projeto de vida para determinar quais experiências são necessárias para que estejam aptos ao ensino superior, à carreira e à vida. 

4 - Letramento digital

Alunos podem até ter mais conhecimento sobre tecnologia do que os professores, mas não sabem usá-la de modo apropriado. Professores precisam apoiá-los a pensar criticamente e a agir de maneira segura no mundo digital. 

5 - Política de educação baseada em competências

O conceito defende que deve ser privilegiada a demonstração de domínio dos objetivos de aprendizagem em detrimento do tempo em sala de aula. 

6 - Colaboração global

Professores precisam ter compreensão intercultural e estimular a colaboração para trazer o mundo aos estudantes. 

7 - Aprendizagem baseada em projetos

Projetos com foco no aluno tornam o aprendizado mais personalizado porque dão voz e escolha sobre o que e como eles desejam aprender. 

8 - Aprendizagem profissional

Professores também são estudantes. A formação profissional encoraja o crescimento pessoal quando permite que os professores desenvolvam objetivos específicos. 

9 - Equidade e justiça social

As escolas precisam ser laboratórios para uma sociedade mais justa do que aquela em que vivemos hoje. Currículos precisam encorajar que alunos "compartilhem sua voz", com o mundo para que eles se tornem agentes de transformação. 

10 - Cultura de aprendizagem

Significa unir pessoas, sistemas e processos com os valores e comportamentos de sala de aula, escolas e comunidade para que todos cresçam, mudem e aprendam ao longo da vida.

Crédito: Barbara Bray e Kathleen McClaskey/Personalize Learning LLC

* Publicado originalmente em personalizelearning.com