Confiram o texto "Tecnologia vai revolucionar as avaliações, diz estudo", publicado no site
Porvir. O que acham sobre o assunto?
Um recente estudo publicado pelo grupo editorial britânico Pearson chamado “Preparing for a renaissance in assessment” (“Preparação para um renascimento em avaliações”), direcionado a líderes educacionais, vê dois fatores como primordiais para induzir novos processos de avaliação: o primeiro é resultado da força da globalização e das tecnologias digitais, enquanto o último é inerente à percepção de que o paradigma atual já não funciona como deveria, pois até mesmo os melhores sistemas atingiram um limite de crescimento.
Elaborado pelos consultores Michael Barber, pesquisador de sistemas e reformas educacionais com passagem pelo governo britânico, e Peter Hill, que ocupou cargos de destaque no setor na Austrália, em Hong Kong e nos Estados Unidos, o texto mostra como a educação está diante de um ponto de inflexão. “Nós consideramos ensino/aprendizagem, currículo e avaliação como os três principais elementos de um processo educacional de sucesso. Nos últimos 20 anos, a avaliação foi um fator de atraso e, agora, vemos que ela pode ultrapassar os outros elementos e, por isso, atribuímos o termo renascimento”, disse Barber. Como a sociedade está profundamente ligada aos testes tradicionais, segundo ele, o principal desafio é promover reformas sem perder o rigor e o elo com exames que servem como parâmetros internacionais.
É neste cenário que entra em jogo a tecnologia, como por exemplo nos testes adaptativos, que permitem maior precisão e execução em menor tempo. Os dados vão dar ao professor maior entendimento sobre o que acontece com a classe e com cada aluno em tempo real, com a chance de diminuir ou aumentar o alcance do conteúdo estabelecido no currículo. “Agora podemos acompanhar o desenvolvimento de uma classe durante cinco anos da vida escolar. É uma variedade muito maior do que a atingida por um teste isolado”, diz Hill.
Todo esse conjunto de mudanças aliado a mais tempo e recursos, segundo os autores do documento, vai melhorar também a dinâmica do professor, que ficará livre dos trabalhos repetitivos e poderá dar atenção aos detalhes de cada aula e respeitar o ritmo dos alunos. “Isso vai criar uma revolução no aprendizado. O que era um sonho há seis anos agora é uma realidade”, sentencia Hill. Um outro impacto poderá ser visto nas reuniões pedagógicas, que antes se baseavam em hipóteses e agora podem servir para um trabalho colaborativo para motivar cada estudante.
As novas plataformas de ensino também podem dar origem a uma nova geração de avaliações capazes de chegar a um aprendizado profundo e a uma variedade de competências inter e intrapessoais, como trabalho em equipe e a capacidade de comunicação oral, além dos traços de personalidade. Mais rápido, mais preciso, mas e a velha “cola” e o risco de plágio? No lugar de testes cumulativos, é possível realizar apenas aqueles com propósito específico (com possibilidade de repetição) e proporcionar relatórios que incentivam o crescimento sem a ideia de sucesso ou fracasso.
Responsável por reformas em Hong Kong e na Austrália, Hill relata que boas avaliações sempre levam em conta a validade e a confiabilidade. “Validade garante que o que se está medindo diz respeito ao planejado, enquanto a confiabilidade permite os mesmos resultados caso a avaliação seja repetida”. Se não tiver essas características, a avaliação não pode ser usada, segundo o consultor, que coloca a capacidade de realização com os recursos existentes como mais uma característica a ser considerada independentemente do conteúdo e dos exercícios da avaliação.
Para alcançar o “renascimento”, diz o artigo, é importante olhar além da educação, porque muitas vezes a inovação acontece em áreas de pouco ou nenhum contato com o ensino, como é o caso dos jogos de videogame. Entretanto, os autores também ressaltam que, para que o benefício seja notado por todo o sistema, é necessária a ação de governos, uma vez que a infraestrutura tecnológica não pode ficar a cargo de uma única escola.
Para ajudar gestores e educadores a se prepararem para esse “renascimento das avaliações”, Barber e Hill apresentam recomendações para evitar erros comuns. Muitas escolas, dizem os especialistas, tiveram problemas ao adotar sistemas incipientes que não foram devidamente testados e se viram frustradas com os resultados. Veja a lista a seguir:
Pensar no longo prazo – não sabemos quando o renascimento chegará, mas precisamos estar preparados ao investir em capacidade para que se torne uma realidade
Estabelecer parcerias – precisamos estabelecer parceiras entre professores, governos e todos que trabalham com educação e tecnologia
Criar infraestrututra – investir na alta qualidade educacional de todos os níveis, inclusive no profissional, é crucial
Melhorar a formação de docentes – investir na capacitação de professores para tecnologia e avaliações sofisticadas
Permitir diferentes níveis de implementação – encorajar escolas e professores a inovar com um modelo a partir de exemplos bem-sucedidos
Adotar uma metodologia de resultados – faça dele uma prioridade, planeje, garanta verificações constantes com todos os principais envolvidos e deixe bem claro quem é responsável
Comunicação constante – deve envolver governo e líderes educacionais que estão trabalhando juntos e também escolas e pais
Coloque em prática uma metodologia de mudança – nosso ponto de partida precisa ser o conhecimento sobre o que é necessário para obter sucesso e mudar o sistema incluindo uma visão compartilhada e de aprendizado